299 pacientes participaram da pesquisa entre os dias 17 de abril e 21 de julho
Um estudo publicado, na última semana, no periódico científico Journal of the American Medical Association (Jana) e realizado por um grupo de hospitais e institutos de pesquisa brasileiros apontou que o uso do anti-inflamatório corticoide dexametasona diminui os dias com respiração artificial em pacientes adultos hospitalizados com síndrome respiratória aguda grave causada pelo novo coronavírus.
De acordo com a pesquisa, o número de dias sem respirador artificial foi maior nos pacientes tratados com o corticoide do que no grupo controle. Isso mostra que o aumento de tempo fora dos aparelhos significa menor risco de tratamento intensivo, liberação de leitos e economia de recursos humanos e financeiros.
O estudo aconteceu entre os dias 17 de abril e 21 de julho. Ao todo, participaram 299 pacientes com a síndrome, submetidos a ventilação mecânica e 41 UTIS brasileiras. Por meio de sorteio, 151 pacientes receberam a corticoide dexametasona e suporte clínico padrão e 148 apenas suporte clínico padrão. A dexametasona foi usada por via endovenosa na dose de 20 miligramas (mg) durante 5 dias e 10 mg durante 5 dias.
Conforme a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, a aplicação clínica do corticoide é frequente, principalmente pelos efeitos anti-inflamatórios. No entanto, sua ação pode causar vários efeitos colaterais, como elevação da glicose do sangue, aumento da pressão arterial, ganho de peso, inchaço, entre outros.
Ainda segundo a pesquisa, não foi detectada evidência de risco maior no tratamento com a dexametasona em relação a novas infecções, alterações da glicose e outros eventos adversos sérios. Mas, o medicamento só deve ser usado por recomendação médica.
Vale lembrar que o estudo foi realizado pelo grupo Coalização Covid-19 Brasil, formado pelo Hospital Israelita Albert Einstein, HCor, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Moinhos de Vento, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Beneficência Portuguesa de São Paulo, Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet).