A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) paralisou diversos segmentos da economia brasileira e pode prejudicar também a cadeia do café. O pesquisador André Luiz Garcia, da Fundação Procafé, lembra que o setor é extremamente dependente de mão de obra para realizar a colheita.
“Em muitos lugares, o trabalho pode ser inviabilizado ou prejudicado, o produtor não vai colher. Estamos apreensivos, mas com esperança de boas novas”, comenta.
Caso aconteça, isso seria um balde de água fria sobre o produtor, que está tendo uma temporada melhor do que a de 2019, segundo Garcia. “Há uma potencialidade de qualidade bem superior à safra passada, marcada por floradas picadas que resultaram em maturação muito heterogênea”, diz.
Este ano, de acordo com o pesquisador, mais de 80% dos grãos do sul de Minas Gerais estão no mesmo estágio fenológico.
Os primeiros grãos de café da safra mineira deste ano devem começar a ser colhidos em aproximadamente um mês. Os trabalhos têm início em abril na Zona da Mata, que antecipa a colheita devido às condições climáticas favoráveis ao cultivo, e no fim de maio se estendem às demais regiões, como Sul e Cerrado.
Mesmo em situações adversas com a queda mundial nos preços, devido aos efeitos na economia do novo coronavírus, houve certa recuperação e “o preço encontra-se em condições suportáveis e o ano passado correu bem em termos de clima”, admite Niwton Castro Moraes, assessor especial da cafeicultura da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Esse é um período em que a planta conclui o enchimento dos grãos, ganhando mais densidade e entra no processo de maturação. A preocupação, “pequena”, segundo Niwton, de parte do setor, é que a quarentena do coronavírus se prolongue por mais tempo podendo interferir no deslocamento de mão de obra na colheita. “Caso não ocorra a flexibilização das medidas restritivas nos próximos dias, poderemos enfrentar alguns problemas como a restrição de transporte coletivo nas estradas e fechamentos dos limites entre municípios, já que a mão de obra é sazonal e se desloca entre regiões”, reconhece o assessor. É uma situação contrária das plantações no Cerrado, onde a colheita é praticamente toda mecanizada.
José Marcos Rafael Magalhães, presidente da Cooperativa Minas Sul, a segunda maior do estado, está otimista. Ele assegura que mesmo com as intempéries provocadas pela crise da pandemia, o setor continua produzindo, vendendo e exportando bem.
O momento requer equilíbrio. Todo cuidado com a vida humana é importante, mas também protegeremos o alimento que mantém o sustento de nossas famílias e comunidade em geral. Para 2020, enxergamos um ano desafiador, mas temos metas agressivas e vemos boas oportunidades nas áreas de exportação, diversificação de clientes e produtos”, assegura o presidente da Minas Sul. Magalhães acredita que nem mesmo as exportações serão duramente afetadas, como avaliam alguns analistas econômicos.
Com informações: Canal Rural e Estado de Minas
Foto destaque: Beto Magalhães/EM/D.A Press 8/7/11)
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Postado originalmente por: Portal Onda Sul – Carmo do Rio Claro