Comitê vai organizar atendimento de pacientes com Covid-19 na região

Prefeito Antônio Almas, o superintendente Gilson Lopes Soares e o promotor Rodrigo Barros (Foto: Leticya Bernadete)

A Superintendência Regional de Saúde (SRS) apresentou, nesta quarta-feira (1º de abril), o plano de contingência macrorregional de enfrentamento ao coronavírus (Covid-19), a partir da disponibilização de leitos nos 94 municípios que integram a macrorregião sudeste de saúde e da organização do fluxo de pacientes que venham a ser diagnosticados com a doença, permitindo que eles sejam atendidos em cidades da região que dispõem de leitos de UTI. Um comitê foi formado para verificar quais vagas já existentes poderiam ser usadas para receber pacientes com a doença, entre outras ações. O superintendente regional de Saúde, Gilson Lopes Soares, o prefeito de Juiz de Fora, Antônio Almas (PSDB), e o coordenador regional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde, Rodrigo Barros, estiveram na reunião.

Segundo o superintendente regional de Saúde de Juiz de Fora, Gilson Lopes Soares, nesta quarta-feira, foi estabelecido um comitê macrorregional de enfrentamento do Covid-19. Além da participação do estado e da Prefeitura de Juiz de Fora, o grupo contará com representantes das gerências regionais de saúde da macrorregião, do Ministério Público, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. “Esse processo do coronavírus é muito dinâmico. A cada dia nós temos mudanças, e novas providências têm que ser tomadas, então estamos estabelecendo esse comitê.”

A partir do levantamento de vagas em hospitais, o comitê estabelecerá determinadas ações. Entre as propostas, está o direcionamento do fluxo de atendimento nas cidades da região. Hospitais de Santos Dumont e São João Nepomuceno, por exemplo, seriam utilizados para tratar pacientes de baixa complexidade, de forma a não sobrecarregar o sistema de Juiz de Fora. “Alguns hospitais da macrorregião têm equipamentos de UTI, como Ubá, Cataguases, Muriaé e Carangola. Fora isso, eles também dispõem de leitos clínicos que poderiam internar pessoas com menor gravidade”, explica Soares. “Às vezes, a pessoa não fica em isolamento em casa, mas pode ficar em hospital de Lima Duarte, Bom Jardim, Andrelândia, São João Nepomuceno. Eles podem segurar esses pacientes lá, dar o tratamento adequado e, se houver um agravamento, aí sim encaminhariam para as UTIs, para os hospitais de Juiz de Fora.”

Dificuldades

De acordo com Almas, o sistema de saúde já possui, naturalmente, dificuldades em disponibilizar leitos de UTI. Desta forma, entre as ações para aumentar a disponibilidade de leitos está a suspensão de cirurgias eletivas e o próprio regime de isolamento social. “Mesmo em cirurgia eletiva, o paciente, dependendo das condições clínicas, tem que passar 48 ou 72 horas dentro do CTI (Centro de Terapia Intensiva), o que ocupa leito”, exemplifica.

Já o isolamento social está diretamente relacionado à diminuição de pessoas internadas por traumas no trânsito, por exemplo, devido à menor circulação nas ruas. “Diminuímos a quantidade de acidentes de trânsito, o que diminuiu a necessidade de vaga em leitos. Hoje, nós temos essa realidade. O que precisamos, agora, é expandir leitos dentro do cenário que virá.”

Macrorregião Sudeste tem 344 vagas ativas

Conforme reportagem publicada pela Tribuna nesta quarta-feira, o Ministério Público (MP) acompanha o plano macrorregional de contingência, que atende 94 municípios, com população estimada em 1,6 milhão de habitantes. Além da microrregião formada por Juiz de Fora, Lima Duarte e Bom Jardim de Minas, referência no atendimento à saúde de 676.250 habitantes de mais 22 cidades no entorno, a macrorregião sanitária sudeste possui outras sete microrregiões atendidas pelo Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Sudeste (Cisdeste): Ubá (309.322 habitantes), Leopoldina/Cataguases (182.150 habitantes), Muriaé (172.460 habitantes); Carangola (129.008 habitantes); São João Nepomuceno/Bicas (72.551 habitantes), Além Paraíba (57.840 habitantes) e Santos Dumont (51.852 habitantes).

Segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), a macrorregião sanitária sudeste conta com 344 leitos de UTI ativos. Desconsiderando leitos especializados (oncologia) e aqueles inoperantes, a quantidade total é reduzida para 277. Desses, 190 estão em Juiz de Fora, sendo 133 na rede pública e 57 na privada.

Durante a reunião na manhã desta quarta, o coordenador regional das Promotorias de Justiça de Defesa da Saúde, Rodrigo Barros, alertou para a otimização de recursos e avaliações da capacidade estrutural de atendimento na região, visto que, no caso dos leitos, por exemplo, eles são utilizados para outras demandas que podem ocupá-los. “É importante que tenhamos uma sala de atuação que possa demonstrar, em tempo real, qual é a ocupação desses leitos”, aponta. “Hoje tivemos avanço significativo, que é esse alinhamento para desburocratização do processo técnico, principalmente, e também na situação das medidas necessárias a esse enfrentamento. Todos os entes públicos vão buscar, de forma quase que em tempo real, solucionar os eventuais impasses que venham acontecer nesse processo de constituição de fortalecimento da rede. Isso vai implicar na viabilidade de um quantitativo capaz de receber esse número de pacientes, que pode ser potencializado com o decorrer da pandemia.”

Possibilidade de criar hospital de campanha ainda será avaliada

Questionado sobre a possibilidade de Juiz de Fora contar com um hospital de campanha, o prefeito de Juiz de Fora, Antônio Almas, explicou que esta questão será avaliada de acordo com a evolução do cenário na cidade. “Precisamos olhar para nossa capacidade instalada, o que a gente pode ampliar dentro dos hospitais que já temos, porque você estar no corpo de um hospital é muito mais fácil para atender esse paciente”.

Almas reforçou que, para que não haja necessidade de um hospital de campanha, é preciso que a população siga as orientações para evitar a contaminação pelo coronavírus. “Fique em casa. Se isso não for feito, aí sim, com certeza, vamos chegar em um colapso tão grande que poderemos precisar de hospital de campanha. Mas precisamos ter a certeza do espaço que podemos expandir dentro dos diversos hospitais. Juiz de Fora, nesse aspecto, é uma cidade muito bem colocada no número de hospitais, de leitos disponíveis e de possibilidade, inclusive, de expansão.”

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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