Combate à Aids evolui nas últimas décadas, mas luta continua

Dezembro Vermelho é o mês escolhido no mundo para o combate à Aids. É uma longa história de dramas e conquistas. O HIV é a segunda doença infecciosa que mais faz vítimas no mundo, logo atrás da tuberculose. E, ainda hoje, na maior parte do planeta, quem tem o vírus muitas vezes morre sem ter acesso a qualquer medicamento. Os primeiros casos foram registrados nos Estados Unidos, quando 41 jovens foram diagnosticados com o que, na época, se imaginava ser um tipo de câncer. O que intrigou os médicos é que todos eram homens e homossexuais.” Ainda no início dos anos 80, o vírus já tinha contaminado 89% dos hemofílicos dos EUA. Mas foi só em 1986 que um órgão norte-americano de controle sobre produtos farmacêuticos aprovou a distribuição da primeira droga antiviral, a azidotimidina ou AZT que, inicialmente, havia sido criada para combater tumores. Novas medicações foram criadas apenas em 1994. Houve diminuição da mortalidade, melhora dos indicadores da imunidade e recuperação de infecções oportunistas. Nesse período, os remédios ainda não existiam no Brasil. Quem quisesse se medicar devia importar as medicações a preços elevados, isso sem falar nos efeitos colaterais dessas drogas. Foi em 1996 que teve o grande marco brasileiro no combate à doença. O governo passou a oferecer gratuitamente o tratamento com coquetéis de drogas antirretrovirais, o que colocou o país como referência mundial no combate ao HIV. É por isso que Gilberto Occhi, Ministro da Saúde, comemora os 30 anos do combate à doença, que o Brasil completa em 2018. Mas ele destaca que a luta não termina aqui.

“É o momento de uma grande reflexão após esses 30 anos de luta contra a doença, pelos avanços que temos conseguido. O Brasil tem sido uma referência mundial na questão do HIV e da Aids, naquilo que nós temos proporcionado à nossa sociedade, naquilo que nós conseguimos reduzir na questão da mortalidade. E além da comemoração, é um momento também de uma reflexão sobre o que podemos ainda fazer, aquilo que podemos alertar, as prevenções as que devemos recomendar sempre.”

Quem sabe bem como foi a evolução do tratamento aqui no Brasil são os pacientes que foram diagnosticados há mais de 20 anos, como é o caso do cearense Ervando Oliveira, aposentado de 47 anos. Ele conta que, quando foi diagnosticado, em 1998, a realidade era outra. Para se ter o diagnóstico da doença era mais complicado pela dificuldade de acesso a exames de testagem e, nem sempre, as pessoas eram orientadas pelos médicos a fazer o exame do HIV. Mas, para ele, uma das maiores mudanças foi em relação à dosagem da medicação.

“Tive a pneumonia, tive uma TB (tuberculose), logo em seguida, então eu já iniciei o tratamento. Eram dezessete comprimidos, se não me engano, dezessete comprimidos por dia. Então era uma dose bem pesada, se considerar com hoje que eu tomo quatro comprimidos, né?”

Atualmente, todo o tratamento é fornecido na rede pública. E a dosagem do medicamento não passa de quatro comprimidos diários com efeitos colaterais muito mais leves. Mas ainda hoje, muito tem de ser feito nessa luta. Em 2017 aproximadamente 37 milhões de pessoas, no mundo, viviam com HIV. Destes, aproximadamente 15 milhões não tiveram acesso ao tratamento. No Brasil, entre 1980 e 2017, foram registrados mais de 880 mil casos de aids, com uma média de 40 mil novos casos por ano. Esses dados revelam que, apesar de muito já ter se avançado no combate à doença, não podemos baixar a guarda. Essa é uma luta de todos. Faça uma checagem. Use camisinha, conheça as outras formas de prevenção combinada, disponíveis no SUS, e proteja-se. Trinta anos do Dia Mundial de Luta Contra a AIDS. Uma bandeira de histórias e conquistas. Saiba mais em aids.gov.br.

*As informações são da Agência do Rádio. 

G.J

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