Cobradora é vítima de importunação sexual em ônibus em JF

Motorista percebeu ação e impediu desembarque de passageiro, conduzindo coletivo até a delegacia de Santa Terezinha

Um homem de 38 anos foi detido em flagrante por importunar sexualmente uma cobradora de ônibus, 22, dentro de um coletivo urbano, que seguia do Centro para a Zona Norte de Juiz de Fora. O caso aconteceu na última quinta-feira (16) e foi registrado pela PM como importunação ofensiva ao pudor. Em notas divulgadas nesta segunda-feira (20), a Viação Ansal e o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário (Sinttro) repudiaram a ação que teria sido praticada pelo suspeito.

De acordo com o boletim de ocorrência, o passageiro teria embarcado na Travessa Doutor Prisco, próximo à Praça Antônio Carlos. Depois de gritar e xingar pela janela, ele teria assediado a funcionária, dizendo palavras como “delícia” e “gostosa”.

O homem havia acionado a campainha quando chegava na ponte de Santa Terezinha, no entanto, o motorista, que já havia percebido a situação, impediu o desembarque e seguiu até a delegacia, onde o suspeito foi detido pela PM. Ele foi liberado posteriormente, mediante assinatura de termo de compromisso, para comparecer em audiência no Juizado Especial Criminal em data marcada.

“Eu imediatamente fechei a porta do ônibus, impedindo o desembarque do suspeito, e desloquei direto para a delegacia de Santa Terezinha. Os policiais militares nos atenderam prontamente, registraram a ocorrência, e uma das passageiras que estava no ônibus ficou de testemunha também espontaneamente”, contou o condutor, que ainda teria sido ameaçado pelo suspeito.

O motorista mesmo lembrou que esse é o segundo caso de ofensa a trabalhador de ônibus em menos de um mês. No dia 23 de maio, uma mulher, de 76 anos foi presa em flagrante pelo crime de injúria racial, após ter sido denunciada por um condutor de ônibus da Ansal, 57, que afirma ter sido chamado de “macaco” pela passageira. O caso foi registrado pela PM na Rua Jarbas de Lery Santos, próximo à Praça do Riachuelo, no Centro, e a mulher recebeu liberdade provisória.

“Precisamos divulgar, para que as pessoas parem de fazer isso, se não, vamos viver em delegacia. Há pouco tempo tivemos um fato de injúria racial com um motorista, a gente está ali trabalhando, e isso é inadmissível”, desabafou.
A cobradora reforçou que o suspeito se aproximou dela no momento em que pretendia desembarcar. “Ele falou palavras de cunho sexual comigo, me desrespeitando. Mas o motorista percebeu a situação, não deixou ele desembarcar e conduziu o ônibus até a delegacia.”

A trabalhadora destacou o fato de o assédio ter acontecido enquanto trabalhava. “Para ele fazer isso com uma pessoa no local de trabalho, com certeza na rua deve desrespeitar muita mulher. Mesmo trabalhando não recebemos respeito algum. Providências têm que ser tomadas, porque o que ele fez está muito errado.”

Ansal e Sinttro repudiam ação de passageiro

Em notas divulgadas nesta segunda-feira (20), a Ansal e o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário (Sinttro) combateram a ação do passageiro. “A Ansal (Auto Nossa Senhora Aparecida) vem a público manifestar seu total repúdio contra qualquer ato de violência contra a mulher, principalmente as infinitas formas de assédio moral e sexual. Não toleramos nenhum ato de agressão ou importunação contra quaisquer um dos nossos colaboradores ou passageiros.”

A empresa reforçou que o homem foi detido pela PM após ter ofendido uma de suas cobradoras, “utilizando termos chulos e ofensivos”. “Com a total indignação, manifestamos irrestrita solidariedade à nossa colaboradora e à sua família. Esperamos que as autoridades competentes apurem os fatos e, se oportuno, responsabilize o agressor.” Na época, a viação também já havia contestado o caso de injúria racial.

O Sinttro, por sua vez, repudiou “com veemência” as ocorrências envolvendo os funcionários do transporte coletivo, que foram vítimas de assédio e racismo. “Afirmamos o compromisso para com esses trabalhadores, a fim de oferecer todo suporte necessário, tanto no âmbito jurídico, quanto no tratamento de eventuais danos psicológicos.”

O sindicato enfatizou que vai buscar soluções para minimizar os danos a essas vítimas e informou que pretende se reunir com os órgãos competentes para reforçar campanhas de conscientização e outros meios eficazes de coibir “atos tão repugnantes quanto estes”. “Reiteramos que as portas da instituição estarão sempre abertas para atender demandas desta natureza para qualquer trabalhador que se sentir lesado.”

As informações são da Tribuna de Minas, associada AMIRT.

 

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