Cirurgia preventiva reduz em até 90% a chance de câncer de mama

O tratamento e a cura para o câncer de mama estão proporcionalmente relacionados à fase em que a doença é diagnosticada e ao tamanho em que o nódulo é descoberto. Apesar de as chances de cura da doença ultrapassarem os 90% quando as lesões são identificadas de forma precoce, o medo de desenvolver a neoplasia tem feito com que mulheres com comprovados fatores de risco optem pela retirada profilática das mamas antes mesmo de indícios do câncer. O procedimento ganhou notoriedade após a atriz Angelina Jolie divulgar, em 2014, que tinha optado pela adenomastectomia – cirurgia que retira toda a glândula mamária, como forma de prevenção.

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) e chefe do Setor de Oncologia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora (HU-UFJF), Alexandre Ferreira Oliveira, alerta, contudo, que embora a cirurgia reduza em até 90% as chances de a mulher desenvolver o câncer de mama, o procedimento é recomendado somente para pacientes que tenham os marcadores positivos para desenvolvimento da doença comprovados.

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“É necessário que a paciente passe por um oncogeneticista e faça um estudo genético. Muitas mulheres que têm familiares que já tiveram a doença acham que precisam fazer a cirurgia, e isso gera uma confusão muito grande, porque às vezes a paciente não herdou essa característica hereditária. Todo câncer é genético, mas hereditário nem todos são. Portanto, é necessário um estudo específico para que se avalie a possibilidade de realização do procedimento”, explica.

De acordo com o cirurgião oncológico, na mastectomia redutora de risco são retirados em torno de 85% a 90% do parênquima mamário, e a aréola é preservada. “Com a cirurgia profilática você evita que a doença ocorra. Esse procedimento é indicado não só contra o câncer de mama, mas em relação a outros cânceres, como o de ovário, útero, tireoide, vesícula, estômago e em alguns casos de colorretal”, diz. Conforme Alexandre, em Juiz de Fora já são realizados alguns desses procedimentos. No entanto, a cirurgia profilática ainda não é ofertada via Sistema Único de Saúde (SUS).

‘Foi minha melhor decisão’, diz paciente que evitou evolução do Câncer de Mama

Aos 34 anos, a enfermeira Alessandra Lins Sant Anna Muniz, hoje com 41, descobriu um nódulo em uma das mamas. Naquele momento, ela conta, sua primeira reação foi a negação da possibilidade de ter câncer de mama. “Eu não queria acreditar. Por eu ser enfermeira e saber de tudo que poderia vir pela frente, fiquei tentando negar aquela possibilidade. E pensando que eu era nova demais e que aquilo poderia ser coisa da minha cabeça, mas não era”, relata.

Apesar disso, ela conta que procurou orientação de cirurgiões e, após receber o resultado da biópsia e saber da possibilidade da mastectomia, optou pela cirurgia. “O tumor estava em uma das mamas, mas era necessária a retiradas de ambas as mamas no meu caso, para evitar novos nódulos. Por isso, fiz a adenomastectomia em uma e mastectomia em outra, e foi a melhor decisão da minha vida. Eu saí do centro cirúrgico com a prótese mamária e me senti melhor, porque percebi que aquilo não era o fim do mundo. Eu estava me livrando de um problema, e era a luta pela minha vida”, relembra.

Segundo Alessandra, até então, ninguém da sua família havia tido câncer de mama. E ela conta ter sido forte para mostrar a seus familiares que aquele momento era passageiro. “Eu sou muito grata a Deus por ter tido a oportunidade de ter descoberto e ter tido a oportunidade de tratamento. A saída é se tratar, passar pelas etapas e, no final, levantar o troféu. Eu sei que não é fácil, mas fazem sete anos que eu fiz minha mastectomia, e estou aí, curada. Continuo com acompanhamento, fazendo exames periódicos para monitorar, mas eu sou diagnosticada como curada”, comemora.

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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