A exposição na internet de uma adolescente de 14 anos será investigada pela Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Juiz de Fora. A vítima teve fotos e vídeo com conteúdo sexual vazados para sites. O suspeito de cometer o crime é o ex-namorado da menina, também adolescente, de 16 anos. Antes de chegar para a investigação da Polícia Civil, o caso foi registrado pela Polícia Militar na última quarta-feira (29), depois que a mãe da adolescente compareceu a uma unidade policial para denunciar a situação.
Conforme o boletim de ocorrência, foi o pai da estudante que teria tomado conhecimento de que havia uma foto e um vídeo da filha em cenas íntimas com o ex-namorado circulando na internet. Ao tomar consciência do fato, a mãe teria conversado com a adolescente, que teria admitido a gravação das cenas, mas teria afirmado que havia impedido que as imagens fossem divulgadas para terceiros.
Em seguida, ainda conforme o registro policial, os pais do adolescente responsável pelo vazamento das imagens teriam sido procurados pela família da vítima, com o propósito de retirar as cenas da internet e deletá-las. Todavia, a mãe da menina teria descoberto que o adolescente responsável pela divulgação da foto e do vídeo havia criado um grupo no aplicativo WhatsApp, onde teria postado uma foto, com um emoji escondendo o rosto dele, mas deixando visível a face da vítima, sem a autorização da garota.
Ainda segundo o boletim, a vítima relatou para sua mãe que, depois que suas fotos e vídeos foram expostas, outras adolescentes que teriam passado pela mesma situação, envolvendo o mesmo jovem, lhe procuraram. Conforme o documento policial, a mãe da vítima afirmou que vai apresentar vídeo, fotografias, prints de mensagens relacionadas aos fatos para a Polícia Civil.
OAB Mulher lamenta exposição
A Comissão da Mulher Advogada da OAB Juiz de Fora, por meio de sua vice-presidente, Estefania Rossignoli, repudiou o fato ocorrido com a adolescente. “Lamentamos que, em pleno século XXI, as mulheres ainda sejam tão desrespeitadas e objetificadas nos assuntos relacionados à sexualidade. Nossa cultura machista é tão forte que uma mulher tem sua intimidade exposta e ainda há quem consiga tentar proteger e defender o agressor.”
Estefania pontua que é comum, neste tipo de caso, as vítimas ainda serem apontadas como alguém que facilita os atos de crimes. “Ainda surgem questionamentos como: “mas ela se deixou filmar?” Muitas vezes não se questiona a postura do criminoso que expôs a intimidade, mas sim a da vítima. Esse caso recente é ainda mais triste, pois se trata de uma menina que poderá levar esta marca para o resto da vida”, ressaltou a advogada, acrescentando: “A Comissão da Mulher Advogada se solidariza com a adolescente vítima de uma exposição tão destrutiva e se coloca à disposição para auxiliar no combate a esta cultura nefasta. É preciso que as mulheres não se sintam intimidadas e denunciem todo tipo de abuso e práticas que violem sua intimidade”, advertiu.
A OAB Mulher recebe denúncias pelo telefone (32) 98410-8355 e realiza atendimentos presenciais no Santa Cruz Shopping, loja 2.337.
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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora
