Caos no sistema prisional do Vale do Aço será tema de audiência pública agendada para hoje

Wôlmer Ezequiel

Caos no sistema prisional do Vale do Aço será tema de audiência pública agendada para hoje

A situação considerada crítica no sistema carcerário do Vale do Aço será debatida em audiência pública, agendada para esta quinta-feira (12), às 14h, no plenário da Câmara de Vereadores de Ipatinga. Em entrevista ao Diário do Aço, a presidente do Conselho Comunitário de Segurança Pública (Consep) do setor 7, em Ipatinga, Maria Júlia Bonfim Pereira, avaliou que o sistema carcerário do Vale do Aço precisa de melhorias urgentes, para que sociedade não sofra com as consequências dessa crise prisional, sob risco de deixar à solta pessoas que cometem crimes.

“A situação do nosso sistema carcerário está péssima. A Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho, que era umas das referências no estado, está em uma situação muito complicada, com mais de 1.600 detentos. Além disso, quase todas as oficinas foram fechadas e transformadas em celas. Já o Ceresp em Ipatinga está parcialmente interditado desde que houve a rebelião, em 2015. E o presídio de Timóteo ainda não tem data de ser desinterditado complemente”, lembra.

De acordo com Maria Júlia, rebeliões podem ocorrer a qualquer momento, caso nada seja feito. “Os diretores das unidades prisionais estão sentados em uma bomba relógio que pode explodir a qualquer momento. Não sei como não houve uma rebelião, ainda. Então estamos em uma situação bastante delicada”, enfatiza.

Para ela, é preciso fazer pressão no governo estadual e discutir, com a sociedade, acerca do problema, alertando dos riscos a que a população está sujeitada. “Chega uma hora que a segurança pública começa a ser prejudicada, o que afeta a população, porque agentes de segurança gastam seu tempo fazendo a transferência de presos de uma unidade para outra, enquanto poderiam estar nas ruas. Além disso, a superlotação dos presídios, só piora. Então isso é um problema de todos”, salienta.

Outro ponto destacado pela presidente é em relação à recuperação dos presos, que precisa ser mais trabalhada dentro das unidades prisionais. “Não pode simplesmente jogar a pessoa dentro da cela e deixar pra lá. Temos que trabalhar com a sua recuperação, de forma que seja possível que o indivíduo retorne para sociedade. Então é preciso debater muito sobre o sistema carcerário, por isso defendo a importância dessa audiência pública”, ressalta.

Entenda

Com a interdição das unidades prisionais na região (Ipatinga e Timóteo), a Justiça da Comarca de Ipatinga decidiu, no dia 20 de junho, que os novos presos deverão ser encaminhados para a Penitenciária Dênio Moreira de Carvalho (PDMC), em Ipaba, e depois precisam ser recambiados para outras unidades prisionais do estado em até 72 horas. A Secretaria de Estado de Administração Prisional (Seap) deverá cumprir essa medida sob pena de responsabilidade criminal e improbidade administrativa.

Ainda no dia 20, o Ministério Público informou que o TJMG havia decidido liberar 13 vagas no presídio de Timóteo, que possuía 61 detentos, concedendo parcial efeito suspensivo ao recurso, que ainda será julgado.


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