O pré-candidato gerou polêmica ao debater o período ditatorial dizendo que não houve golpe em 1964, além de se comparar ao presidente norte americano, Donald Trump
O deputado federal e pré-candidato à presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, ressaltou que, se eleito, espera ser lembrado na história do Brasil como um presidente liberal em assuntos econômicos e que o país está cansado dos recentes governos de representantes ligados à esquerda. Outro assunto pautado na entrevista foi o período militar entre as décadas de 60 e 80.
Segundo Bolsonaro, “não houve golpe militar em 1964. Quem declarou vago o cargo do presidente na época foi o Parlamento. Era a regra em vigor”, disse argumentando ainda que os atos cometidos pelos militares se justificam pelo “clima de guerra fria” e que ele teria agido da mesma maneira se fosse militar na época.
Quando perguntado sobre os casos de tortura durante o período que os militares estiveram à frente do governo, Bolsonaro disse que “são feridas que não devem ser lembradas”. Ele ressaltou ainda que, durante seu possível governo, “tudo será feito para que não se repita”.
O pré-candidato também rasgou críticas ao processo de eleição por meio de urna eletrônica e disse não entender a decisão da Procuradora Geral da República (PGR), Raquel Dodge, ao não aceitar o voto impresso. Entretanto, ele frisou que estará na disputa de qualquer forma, não importa a maneira na qual os votos sejam feitos.
Ao ser perguntado sobre o período em que pertenceu à legendas ligadas à escândalos de corrupção, como PP do Paulo Maluf, e as vezes em que foi visto ao lado do ex-deputado Eduardo Cunha, condenado a mais de 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro, Bolsonaro se defendeu dizendo que durante as delações feitas o seu nome foi o único não vinculado às propina da JBS. De acordo com ele, o fato de estar no meio não implica que ele pratica as ações dos demais condenados.
Economia liberal
Bolsonaro já declarou abertamente que não domina assuntos econômicos e que tem como braço direito o economista Paulo Guedes. Quando perguntado sobre um possível conflito entre os dois, Bolsonaro disse não ter um “plano B”, mas que confia no seu “posto Ipiranga”, que é cotado para ser nomeado Ministro da Fazenda.
Ao ser confrontado por sua fama de estatista, o que poderia ser motivo para futuras desavenças com Guedes que adota uma postura liberal, Bolsonaro disse que esse conceito seguiu após ele votar contra o Plano Real. Ele alegou ter ficado sem opção e ter tomado essa posição pela falta de acordo em um aspecto do projeto que tratava da situação dos policiais nas regras de conversão dos salários a nova moeda.
Donald Trump
Bolsonaro disse se inspirar no presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “O que ele sofreu durante as prévias da campanha com as fake news, já é visto na imprensa brasileira”, disse alegando ainda que o chefe do Executivo norte-americano está realizando um “excelente governo resgatando a carga tributária e aumentando a geração de empregos”.
“Ele quer a América grande, eu quero o Brasil grande. Ele fala em Deus, eu falo em Deus. Ele fala em família, eu falo em família”, estendeu sua comparação com o Republicano.
G.R