Com 200 cães acima de sua capacidade, o Canil Municipal de Juiz de Fora está superlotado. O problema foi denunciado pela vereadora Kátia Franco (PSC), que protocolou um pedido de informação junto à Prefeitura (PJF) para questionar a situação, que também envolveria atrasos na vacinação dos animais abrigados no local. Segundo a Secretaria de Saúde, que passou a gerenciar o Canil na nova Administração municipal, cerca de 800 animais vivem no abrigo, sendo 700 cães e cem gatos.
Conforme a vereadora, presidente da Comissão de Defesa, Controle e Proteção dos Animais, a situação irregular foi constatada em visitas semanais ao local. Ela também teria verificado que, por dia, dois a cinco cachorros chegariam ao Canil, o que faria “inchar” ainda mais as baias, que já estariam com o triplo de sua capacidade. Ela defende ainda que uma reforma seja realizada no local.
Na primeira reunião da comissão, que também contou com a presença dos vereadores Julinho Rossignoli (Patriota) e Luiz Otávio Fernandes Coelho (Pardal, (PSL), no início de fevereiro, ela afirmou que a situação causa stress aos animais e pode levá-los, inclusive, à morte. “São muitos animais em uma mesma baia, eles ficam estressados, têm brigas que causam até mortes. Então isso tudo tem que ser estudado para que se consiga melhorar e dar dignidade para aqueles animais.”
Questionada pela Tribuna, a Secretaria de Saúde confirmou que, de fato, existe uma situação de irregularidade no espaço destinado aos cães. Isso porque o local é projetado para abrigar 500 cachorros, mas, atualmente, conta com cerca de 700 animais. A pasta não divulgou a capacidade do gatil, onde estão abrigados cerca de cem gatos, mas ressaltou que o espaço dedicado aos felinos não enfrenta problemas.
Por meio de nota, entretanto, a secretaria pontuou que uma das possíveis razões para este número elevado de cachorros abrigados pode estar associada à pandemia de Covid-19, já que mais animais teriam sido abandonados neste período. “Os relatos feitos pela vereadora Kátia Franco não procedem totalmente, uma vez que a pandemia da Covid-19 provocou aumento de cães abandonados e, desde o ano passado, constata-se a manutenção da média de 36 adoções ao mês. Um dos projetos da atual Administração é incentivar o aumento desse número através de campanhas nas redes sociais e da criação de um site estimulando a posse responsável.”
Além disso, conforme a Secretaria de Saúde, pesa o fato de as feiras de adoções, uma das alternativas encontradas pela Administração para encontrar novos lares para os animais, estarem suspensas, também por conta da pandemia. A assessoria da pasta destacou ainda que considera a situação irregular, mas não em estágio de superlotação, já que, se as adoções funcionarem como o planejado, o número excedente será reduzido.
Vacina atrasada
Outra denúncia feita pela vereadora está associada à vacinação dos animais do Canil. Segundo ela, os cães estariam desde 2019 sem vacinas e sem o teste para verificar enfermidades, o que colaboraria para o acometimento de doenças e impediria que os animais fossem colocados para doação. No pedido de informação protocolado junto à PJF, a vereadora também questiona quando a situação será normalizada. “Precisamos de uma resposta o mais rápido possível para que possamos trabalhar de uma forma mais eficaz no local. A situação do Canil é bem complicada”, disse.
A Secretaria de Saúde, no entanto, rebateu a queixa da vereadora, alegando que o atraso da vacinação seria de um mês e meio. A pasta também garantiu que, até março, a situação estará normalizada. “Os cães abrigados no Canil Municipal deveriam ter sido vacinados em dezembro de 2020, mas isso não ocorreu em função da empresa vencedora da licitação, promovida por pregão eletrônico, não ter conseguido entregar as vacinas, alegando problemas provocados pela pandemia da Covid-19. O atraso da vacinação é de um mês e meio.”
Ainda conforme nota enviada pela secretaria à Tribuna, a vacina antirrábica, que combate a raiva, já está disponível para os animais, que também são imunizados pela múltipla, que previne leptospirose, cinomose, parvovirose, coronavirose e hepatite infecciosa e ainda não foi entregue pela empresa vencedora da licitação. “A Divisão de Recursos Materiais do Demlurb está em contato com a empresa vencedora do processo licitatório, para saber se já está em condições de fornecer o produto. A expectativa é de que até março o problema esteja solucionado.”
Nova administração
Anteriormente, o Canil era administrado pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana (Demlurb). No governo Margarida Salomão (PT), entretanto, a gestão foi transferida para a Secretaria de Saúde, com o objetivo de trabalhar o conceito de “one health”, ou seja, “uma saúde”, que interliga a saúde animal, humana e ambiental. Conforme a PJF, a mudança vai possibilitar tratar o monitoramento das zoonoses que se relacionam a doenças humanas, além de fazer o controle da população animal na cidade. Atualmente, ainda segundo a PJF, 34 funcionários atuam no Canil, incluindo dois veterinários e dois estagiários.
PJF fará licitação para compra de novo Castramóvel
O Castramóvel, programa itinerante de castração de animais, cuja atuação é prejudicada por diversas paralisações, pelo menos desde 2018, também estaria com problemas, segundo a vereadora Kátia Franco. Ela afirma que o veículo carece de “intervenções imediatas”. Segundo a Prefeitura, o Castramóvel está em funcionamento, e a Administração está avaliando a licitação para obtenção de um novo veículo para que as condições do edital possam selecionar a melhor clínica prestadora de serviço.
“Ele está quase parado (o atual veículo)”, diz Kátia. No início do mandato ela destinou verba para a Prefeitura realizar a aquisição do novo veículo. “Nós já temos o dinheiro disponível para a aquisição do novo, mas precisamos que a Prefeitura de Juiz de Fora faça a licitação o mais rápido possível. A castração é um instrumento fundamental para o controle populacional dos cães, tanto nas ruas, quanto no Canil”, argumentou.
O Castramóvel voltou a funcionar em agosto de 2020. No fim de setembro daquele ano, o número de animais na fila de espera para castração era de 18 mil.
Campanha de adoção ‘Me Adote Aí’
A campanha Me Adote Aí, realizada pela Secretaria de Comunicação da Prefeitura, resultou na adoção de 22 animais, sendo 14 cães, seis gatos e dois cavalos, nas últimas duas semanas. A campanha tem o objetivo de aumentar a demanda de adoção, tendo em vista o aumento de cães e gatos abandonados durante a pandemia da Covid-19.
Interessados em adotar um animal do Canil Municipal podem entrar em contato pelo telefone (32) 3225-9933, de segunda a sexta-feira, das 9h às 10h30 e de meio-dia a 16h para agendar a visita. O endereço é Rua Bartolomeu dos Santos, Bairro São Damião. É necessário apresentar documento oficial com foto e comprovante de residência, além de ter mais de 18 anos de idade.
Foto: Fernando Priamo
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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora
