Campanha pede doações de sangue e plaquetas para jovem com leucemia

A poucos dias de completar 21 anos, o estudante do curso de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Juiz de Fora, Arthur Valle da Mota Couto, se vê encarando mais um desafio. “Mais uma vírgula dentro da redação da vida”, declara. Na última sexta-feira (28), o jovem recebeu diagnóstico de leucemia, depois de sua gengiva não parar de sangrar após uma limpeza dentária. Em razão da descoberta, família e amigos do rapaz iniciaram uma campanha de doação de sangue e plaquetas para o tratamento de Arthur, que inclui transfusões diárias.

Até o episódio que ocorreu na sexta, ele não havia percebido sintomas. “Eu fiz um hemograma, e meu padrinho, que é médico, conseguiu olhar o resultado ainda na sexta e encaminhá-lo para um hematologista. Minha internação foi imediata porque eu estou imunossuprimido; não estou só com as plaquetas baixas, mas todas as minhas células do sangue, praticamente, estão baixas, e meu corpo não tem produzido, por exemplo, hemácias e leucócitos”, conta.

Arthur Valle da Mota Couto foi internado na última sexta-feira, após ser diagnosticado com a doença; ele precisa de transfusões diárias (Foto: Arquivo Pessoal)

Desde então, ele, a família, a namorada e amigos estão empenhados na divulgação, via redes sociais, de uma campanha para doação de sangue e plaquetas – fundamentais para seu quadro clínico. “Não estamos limitando nosso pedido de doação. Meu tipo sanguíneo é B positivo, mas posso receber plaquetas de qualquer pessoa, independente do tipo sanguíneo”, explica.

Arthur tem recebido transfusões diárias de sangue e plaquetas, portanto, ele ressalta a importância de receber doações. Desde o último sábado, muitas pessoas têm comparecido ao Hemocentro de Juiz de Fora para doarem em seu nome. “Estou muito agradecido pelo amor e carinho que tenho recebido. Todos os dias eu me emociono em ver a foto de pessoas doando e é muito importante pra mim, porque meu corpo ainda não está reagindo e produzindo as células do sangue sozinho. Para se ter noção, o valor mínimo de referência de plaquetas para um adulto é cerca de 140 mil por microlitro. Pouco tempo depois de eu ter chegado no hospital, eu estava com três mil plaquetas por microlitro, e hoje (quarta-feira) de manhã, eu estava com 35 mil por microlitro, graças às doações que tenho recebido”, relata o jovem.

Conforme o estudante, as transfusões constantes deverão ser realizadas até o fim da próxima semana, e o tratamento deverá permanecer por, pelo menos, quatro meses. Apesar disso, ele reforça que a campanha também tem o intuito de mostrar às pessoas a importância da doação constante de sangue. “Quem puder ir doar estará ajudando não só a mim, mas outras pessoas que também que precisam. É importante que as doações não sejam pontuais e que as pessoas não se limitem ao tipo sanguíneo. Toda doação vai ser importante para alguém.”

As doações de sangue e plaquetas para Arthur devem ser realizadas no Hemocentro Regional de Juiz de Fora. Ele está internado no Hospital Albert Sabin.

Campanha atinge quase seis milhões de pessoas em rede social

Arthur já tem percebido o impacto da campanha realizada nas redes sociais. “Tenho recebido mensagens de pessoas de vários lugares, não só de Juiz de Fora, além de relatos de pessoas que também tiveram leucemia. Um, por exemplo, foi de um amigo de um amigo meu. Ele me disse que há um ano, no dia 25 de janeiro, era ele recebendo o diagnóstico, mas que conseguiu vencer, está e vivo e bem, e que em alguns meses eu vou conseguir voltar à vida normal”, emociona-se.

Além de doações, Arthur tem recebido carinho e apoio de muitas pessoas que, até então, eram desconhecidas para ele. Isso porque a campanha para doação de sangue, propagada pela internet, ganhou muita repercussão nas redes sociais. A publicação em que o jovem expõe seu caso, por exemplo, recebeu quase cem mil curtidas e 45 mil compartilhamentos até a tarde desta quarta. Segundo Arthur, a postagem alcançou quase seis milhões de pessoas.

“É emocionante ver que as pessoas estão solidárias e me apoiando, mesmo aquelas que não podem doar. Estou me sentindo muito amparado, e por pessoas que nem conheço, também pela minha família e pessoas próximas a mim. É um desafio, não físico e psicológico, mas desde o diagnóstico, acho que tenho encarado a situação com espírito de que tenho que ‘pegar pelo chifre’ e segui o jogo, tem muita coisa para se viver. É a forma como eu encaro. O que me joga para frente é toda essa rede de apoio.”

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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