Quando Miranda caminhou para a primeira cobrança, lembrei do jogo contra o Fortaleza, em 2005, quando perdemos com falhas daquele que depois seria um dos grandes goleiros da nossa história e, na prática, encaminhamos o rebaixamento.
Mas Victor defendeu e eu acreditei.
Na caminhada ameaçadora do Alecsandro, voltei à Arena do Jacaré, em 2006. Não bastasse estarmos iniciando o ano da Série B, levamos 3 x 0 do Democrata.
Mas a bola entrou e eu continuei acreditando.
Quando Ferreira fez o primeiro do Olímpia, lembrei do gol do Marcelinho em 1994, quando sentei pela única vez nas cadeiras cativas do Mineirão e vi o Galo vencendo pra ser desclassificado no jogo seguinte.
Aí veio o gol do Guilherme, pra espantar este fantasma.
Em seguida, quando o zagueiro Candia bateu mal e mesmo assim fez o gol, lembrei do Márcio Mexerica, do Catanha, do Ronildo, do goleiro Luiz Henrique, do Fernando Kanapkis e de uma vasta legião de pernas-de-pau que veio aqui nos enganar.
Estes cretinos só desapareceram quando Jô fez o seu, num chute perfeito.
Mas com o chute de Aranda no meio do gol, recordei a maldita SeleGalo de 94, com Luiz Carlos Winck, Neto, Darci, Gaúcho e o já acabado Renato Gaúcho.
E esqueci este bando de exploradores com o chute de Leonardo Silva, fazendo o nosso quarto.
Assim que Gimenéz caminhou para a marca fatal, eu fiquei pensando nas tantas semi-finais de Brasileirão que disputamos e perdemos, no inacreditável vice-campeonato invicto, nas desclassificações para timecos ridículos como o Brasiliense. E também no gol do Mário Tilico em 1991 (meu primeiro jogo na arquibancada do Mineirão), que serviu pra permitir o São Paulo jogar pelo 0 x 0 no jogo de volta e disputar a final do Brasileiro contra o Bragantino.
E aí, companheiro, o mundo futebolístico que eu conhecia acabou. Porque o Olímpia perdeu o pênalti e o Galo foi campeão da Libertadores.
O final infeliz de toda história da bola atleticana mudou.
Eu atravessei um portal. Queria mesmo era sair voando por cima daquele povo todo e arrancar lá das profundezas de mim o grito mais alto que um homem pudesse produzir.
Olhei pro lado e abracei gente que chorava muito. Foi aí que percebi que eu também jorrava lágrimas.
Abracei um amigo da vida e um monte de amigos daquele momento eterno.
Descobri, naquele instante, a cura da melancolia.
Fui campeão de corpo presente e alma lavada.

Bruno Quirino, ao centro, comemorando o título atleticano na inesquecível Libertadores 2013.
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Postado originalmente por: Minas AM/FM