O Santos virou o líder do Campeonato Brasileiro em um jogo que ilustra muito bem por que isso aconteceu. A vitória de 3 a 1 sobre o Avaí, neste domingo, na Vila Belmiro, foi uma espécie de síntese das características que alavancaram o Peixe para a ponta da competição após 12 rodadas. E essas características passam pelo trabalho brilhante de Jorge Sampaoli.
Para ser o primeiro colocado, o Santos teve que vencer o último colocado, e até nisso há certo simbolismo. Embora a figura de Sampaoli convide a pensarmos em seus times como equipes extravagantes, excepcionais, não é por isso que o Santos é líder: ele é líder porque, antes de mais nada, é um time seguro. A atuação e o resultado contra o Avaí ajudam a mostrar isso – um Santos que constrói vitórias sólidas, que não tem placares extravagantes (só venceu um jogo por mais de dois gols no campeonato: 3 a 0 no Vasco).
Contra o Avaí, mesmo obviamente superior, o Santos não foi avassalador: foi competitivo. Assim, soube ler um adversário que se mostrou mais agressivo do que o esperado, soube ser oportunista para sair na frente, soube reagir depois de levar o empate, soube controlar o jogo até matá-lo com o terceiro gol. Nada espetacular: mas efetivo, cirúrgico.
Até por isso, o Santos alcança a liderança do Brasileirão sem ter o melhor ataque do campeonato (Palmeiras, Flamengo, Atlético e Athletico-PR fazem mais gols), e tampouco a melhor defesa (Palmeiras, Corinthians e São Paulo levam menos). Mas é quem mais vence.
A nova vitória teve alma latina, a marca de um elenco recheado de estrangeiros, muitos deles pedidos por Sampaoli (casos do colombiano Aguilar e do venezuelano Soteldo, titulares contra o Avaí). Mas é interessante que os dois primeiros gols do Santos na partida tenham saído dos pés de gringos que já estavam no clube antes do treinador. Ele não pediu a contratação de Derlis González e de Carlos Sánchez. Mas sabe usá-los.
No primeiro gol, Sánchez cobrou falta, a zaga do Avaí deu rebote, e Derlis fez; no segundo, Soteldo criou linda jogada, passou por três marcadores e cruzou para Sánchez marcar. Já o terceiro foi de Felipe Jonatan, e esteve neste jogador a principal participação do treinador na partida.
Sampaoli, no intervalo, tirou o volante Alison (que estava amarelado) e colocou Felipe Jonatan, um lateral-esquerdo. Parecia não fazer o menor sentido. Mas logo fez. Com a mudança, o treinador posicionou Diego Pituca à frente dos defensores e, logo depois dele, montou uma linha de quatro meias. Felipe Jonatan entrou ali, pendendo para a esquerda, entre Marinho (que entrou no lugar de Soteldo) e Carlos Sánchez.
Cabe a ressalva, claro, de que toda a empolgação carregará também a precocidade: foram disputadas apenas 12 rodadas, menos de um terço do campeonato. Mas as perspectivas são interessantes para o Santos. Palmeiras e Flamengo, segundo e terceiro colocados, estão envolvidos em competições paralelas. O Santos só tem o Brasileirão.
A próxima rodada pode deixar o clube ainda mais confortável. No domingo, o Santos volta a jogar na Vila Belmiro: recebe o Goiás às 11h. Palmeiras e Flamengo têm jogos teoricamente mais duros: clássico com o Corinthians em Itaquera e duelo fora de casa com o Bahia, respectivamente.
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Postado originalmente por: Minas AM/FM