O Banco Central prevê crescimento de 1% para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2023, segundo o relatório trimestral de inflação divulgado pela autoridade monetária nesta quinta-feira (29).
Em seu cenário, o BC considerou a esperada influência da desaceleração global e dos impactos cumulativos da política monetária, com a taxa básica de juros (Selic) fixada em 13,75% ao ano.
A primeira estimativa da autoridade monetária sobre o crescimento da economia para o próximo ano ficou acima das expectativas do mercado financeiro e abaixo das projeções do governo.
Para 2023, o Ministério da Economia prevê crescimento de 2,5%, enquanto os economistas da iniciativa privada estimam alta de 0,5%, de acordo com o boletim Focus publicado na última segunda (26). A estimativa, que era de 0,37% há um mês, se manteve estável pela segunda semana seguida.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, esse descolamento das projeções do governo e do mercado sobre o PIB do próximo ano ocorre de forma precoce quando se olha para todo o período do governo Jair Bolsonaro (PL).
Para este ano, o BC revisou novamente a sua projeção para o crescimento do PIB e espera agora um avanço de 2,7%. A última estimativa, divulgada em junho, era de alta de 1,7%.
“A surpresa no crescimento do segundo trimestre, os resultados iniciais do terceiro e estímulos não contemplados no RI anterior -notadamente o aumento do valor do benefício do Auxílio Brasil e o arrefecimento da inflação, resultante, em grande medida, da redução de tributos sobre combustíveis, energia e serviços de comunicação- são os principais fatores para a revisão”, disse o BC no documento.
No início do mês de setembro, o Ministério da Economia também elevou a projeção oficial de crescimento do PIB em 2022 para 2,7%.
Quanto à inflação, conforme divulgado no comunicado da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a estimativa do BC para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 5,8% para este ano, ante 8,8% no relatório anterior.
A queda foi puxada pelo impacto da redução de preços de combustíveis e energia elétrica após cortes nas alíquotas de ICMS (imposto estadual) e medidas de desoneração tributária.
Apesar da revisão para baixo, a projeção da autoridade monetária para 2022 continua longe da meta de 3,5% fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) -com 1,5 ponto percentual de tolerância para cima e para baixo.
A probabilidade de a inflação ficar acima do teto do objetivo a ser perseguido neste ano, que estava próxima de 100% em junho, passou para cerca de 93% no novo relatório.
Quando as estimativas se concretizarem, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, deverá escrever uma carta ao ministro da Economia explicando as razões para o descumprimento da meta pelo segundo ano consecutivo.
A inflação fechou 2021 em 10,06%, enquanto o centro da meta era de 3,75%. Foi a maior alta desde 2015. Como justificativa, o chefe da autarquia escreveu que o IPCA de dois dígitos era culpa do fenômeno global.
Para 2023, a estimativa de exceder o limite fixado também aumentou, passando de cerca de 29% para em torno de 46%. A projeção do BC para o IPCA do próximo ano está em 4,6% -ainda dentro da margem superior de tolerância da meta (teto de 4,75%) .
No documento, o BC destacou que, na comparação com o relatório anterior, as projeções de inflação tiveram queda significativa para 2022 e subiram para 2023 e 2024.
“Especificamente para 2022, destaca-se o efeito das medidas tributárias, que foi o principal fator para a surpresa desinflacionária de -2,37 p.p. [pontos percentuais] no trimestre encerrado em agosto. A elevação das projeções para 2023 resultou principalmente da hipótese de retorno da tributação federal sobre combustíveis”, afirmou.
As informações são do Diário do Comércio.