Após intervenções, empresas voltam a reivindicar melhorias asfálticas no Distrito Industrial

A rotina de funcionários e empresários que atuam no Bairro Distrito Industrial, na Zona Norte, é afetada constantemente pelos problemas asfálticos da região. Denunciada pela Tribuna no último mês de outubro, a precariedade do asfaltamento no local segue sendo preocupação das mais de 80 empresas ali situadas, mesmo após operação tapa-buracos realizada na última semana. Órgãos da Prefeitura ressaltam dificuldade para tomar providência profundas devido ao aperto financeiro do município.

“As ruas estão muito ruins, e o Distrito inteiro está dessa forma. Tenho estacionamento aqui há três anos, mas sempre foi assim”, relata Gilson Piazzi, dono de um estacionamento na Rua Júlio Dionísio Cardoso. No momento em que conversava com a reportagem, veículos da Prefeitura passavam pela rua para atenuar os problemas da via, mas Piazzi é taxativo. “Eles tapam os buracos com escória, com terra mesmo e, na próxima chuva, abre tudo de novo”, assegura.

A Associação das Empresas do Distrito Industrial avalia que as medidas tomadas já favoreceram a circulação de ônibus, mas alguns buracos ainda seguem atrapalhando a passagem de veículos (Foto: Gabriel Silva)

Durante quinta (16) e sexta, agentes da Empresa Municipal de Pavimentação e Urbanização (Empav) estiveram no Distrito Industrial e utilizaram escória para planificar quatro das ruas mais exigidas, sobretudo pelos funcionários da região, medida combinada previamente entre a Prefeitura e empresários locais. O ônibus da linha 716, único que atende ao bairro, haviam mudado o trajeto por conta dos buracos nas ruas Bruno Similli, Fernando Lamarca, Júlio Dionísio Cardoso e Jovino Antônio da Silva, prejudicando os usuários que trabalham em empresas dessas ruas.

Com as medidas da última semana – que deverão continuar durante os próximos dias -, o coletivo voltou ao trajeto normal, mas a população expressa preocupação com a durabilidade da solução. Em visita ao bairro nesta terça-feira (21), a reportagem da Tribuna pôde verificar que ao menos nas ruas Júlio Dionísio Cardoso e Fernando Lamarca já atendidas pela Empav. Mas alguns buracos seguem atrapalhando a passagem de veículos, problema lamentado pelo diretor da Jupel, Vitor Sigiliano. “Estamos na região que mais emprega na cidade e, às vezes, a gente recebe clientes e ficamos até envergonhados com a situação como está”, afirma.

“Na rua, nós temos três ou quatro empresas de logística, que saem com caminhões pesados. Nisso, torce chassi, perde pneu, e sabemos que qualquer manutenção de equipamento pesado é um grande custo”, complementa Sigiliano. Para atenuar os prejuízos, empresários da região frequentemente se reúnem por conta própria e fazem a planificação com escória sem o auxílio da Prefeitura, mas as constantes chuvas também tornam as medidas insuficientes.

Negociações com a administração municipal

Desde que assumiu a presidência da Associação das Empresas do Distrito Industrial (Assedi), Paula Pinto Machado Germano recebe diversos relatos de funcionários e empresários prejudicados pelo asfaltamento precário. “Em alguns trechos, tem ônibus passando na calçada para fugir do buraco; em período chuvoso, os carros passam em buracos e jogam água nos funcionários em ponto de ônibus. Transportadoras tomam prejuízos com o asfalto do jeito que está”, enumera.

De acordo com Paula, entre trabalhadores empregados direta ou indiretamente na região, cerca de 10 mil pessoas circulam cotidianamente no bairro, agravando a necessidade de medidas definitivas. “O paliativo resolveu para o ônibus voltar a funcionar, mas ainda está longe do asfaltamento desejado. Nós gostaríamos que o asfalto saísse para nós, do Distrito Industrial”, solicita. “Nós também giramos a economia de Juiz de Fora, então acredito que a gente não possa ficar esquecido. A Prefeitura tem que olhar por nós”.

(Foto: Gabriel Silva)

Custo de R$ 5,7 milhões para solução

A precariedade do asfaltamento do Distrito Industrial se dá, segundo a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agropecuária (Sedeta), devido à ausência de base asfáltica. Após estudos realizados pela pasta municipal ainda em 2019, o custo da recuperação efetiva do bairro foi estimado em R$ 5,7 milhões. Dessa forma, o desafio é conseguir o valor para realizar o procedimento em época de austeridade financeira do município.

Questionada sobre qual ajuda os empresários do Distrito Industrial poderiam auxiliar a Prefeitura na recuperação do asfaltamento, a presidente da Assedi admite ainda não saber. “Eu não consigo imaginar a que ponto a gente pode chegar. Principalmente em dinheiro porque, se a Prefeitura não tem, nós também não temos essa quantia de quase R$ 6 milhões”, afirma. A Assedi planeja voltar as conversas com a Administração Municipal para definir um plano de ações e traçar a colaboração, mas ainda não há uma previsão para que ocorra. Também há expectativa para recebimento de verba via emenda parlamentar da deputada federal Margarida Salomão (PT), em projeto que iniciou tramitação ainda em novembro passado.

Prefeitura afirma que tem diálogo aberto para buscar ações

Em nota, encaminhada à Tribuna, nesta terça, a Prefeitura informou que, em 10 de janeiro, representantes da Empav e das secretarias de Obras, Governo e de Desenvolvimento Econômico, Turismo e Agropecuária visitaram o bairro, acompanhados pelo vice-presidente da Associação das Empresas do Distrito Industrial, quando foi discutido o que poderia ser feito a partir de intervenções paliativas.

Segundo a Administração Municipal, 80% do que foi combinado na data já foram finalizados, dando condições de trafegabilidade para a via, faltando apenas a operação tapa-buracos em algumas ruas, que será retomada ainda esta semana, dependendo das condições climáticas.

A Prefeitura também ressaltou que está conversando com os empresários para uma ação definitiva e em conjunto, pois alegou ser muito caro recuperar o Distrito. “Não é apenas colocar asfalto, mas principalmente melhorar a drenagem, e isso se faz antes do asfalto. É importante frisar que são intervenções grandes e demoradas, que deveriam ter sido feitas quando o Distrito foi implantado. Na época, foi comunicado a eles que teria que ter um alteamento da cota do terreno para evitar esses problemas, principalmente de drenagem. Então, não se resolve um problema dessa magnitude a curto prazo”, pontua a nota.

A Prefeitura ainda destacou que está sensível à causa e elaborou projeto para recuperação do Distrito, finalizado em novembro passado. “Devido à amplitude do projeto, não há recursos para execução total. Por isso, a PJF tem buscado outras fontes de recursos como as lideranças políticas locais e até mesmo parcerias com os empresários”, finalizou o comunicado.

 

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Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

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