Apesar de recomendação de isolamento social, cresce movimentação nas ruas

A publicação do Decreto 13.897/2020, em 19 de março, fez com que as ruas de Juiz de Fora se esvaziassem por conta da proibição de atividades privadas como shoppings e comércio em geral, como medida restritiva das ações de enfrentamento ao avanço do coronavírus (Covid-19) na cidade. Entretanto, com o passar dos dias, os juiz-foranos parecem estar deixando o regime de isolamento social, mesmo contra indicação de autoridades de saúde. Ao longo da última semana, a Tribuna observou que a concentração de pessoas nas ruas tem crescido de forma gradativa.

Mesmo com a redução do número de ônibus rodando, pontos ficaram lotados durante a semana (Foto: Fernando Priamo)

A movimentação pode ser vista em diferentes regiões do município. Na manhã desta sexta-feira (3), no campus da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), por exemplo, muitas pessoas caminhavam e praticavam atividade física no local. Um leitor, que pediu para não ser identificado, encaminhou fotos à reportagem de Benfica, Zona Norte, na manhã de quinta (2). Aglomerações se formaram em filas de bancos, farmácias, entre outros estabelecimentos que são considerados essenciais e ainda podem funcionar.

Na última segunda (30), a Tribuna publicou uma matéria sobre concentração de pessoas nas portas de agências bancárias na região central, inclusive idosos, devido ao calendário de pagamento dos benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), apesar de orientações de isolamento social para evitar contágio pelo coronavírus.

O problema da população deixar o isolamento social é que o número de pessoas nas ruas, eventualmente, se relacionará ao aumento no número de casos suspeitos de infecção pelo Covid-19, segundo o infectologista Rodrigo Daniel de Souza. “As pessoas tem que saber que a partir do momento que elas se expõem mais, o risco delas pegarem aumenta, e o risco de muitas pessoas pegarem ao mesmo tempo também aumenta.”

Atividade física ao ar livre

De acordo com o especialista, no caso de atividades físicas ao ar livre, não há maiores riscos desde que a pessoa esteja sozinha em uma rua. Entretanto, se há grupos, a situação é diferente. “Essa história (de atividade física) é parecida com a da anti-vacina. O primeiro esperto que não vacina seu filho, vai dar certo, porque todos os outros que vacinaram vão proteger seu filho. A doença não vai chegar ali. Mas à medida que várias pessoas começam a se achar espertas, aí elas começam a se juntar, começam a se expor, e começam a aumentar o risco de ter doença”, exemplifica Souza.

Em nota, a UFJF esclareceu que não pode impedir o trânsito de pessoas no campus da instituição. Entretanto, a Praça Cívica foi isolada como medida de segurança.

Foto: Fernando Priamo

Fiscalização noturna

Desde o dia 20 de março, a Secretaria de Meio Ambiente e Ordenamento Urbano (Semaur) da PJF vem realizado operações noturnas de fiscalização. Em um primeiro momento, os serviços priorizaram a região central da cidade, onde foram encontrados cerca de 80 estabelecimentos abertos até o dia 22, um domingo. Já no final de semana passado, entre os dias 27 e 29 de março, as ações foram voltadas para coibir o comércio não essencial nos bairros mais periféricos da cidade. Na ocasião, foram abordados em torno de 45 bares, todos com frequentadores.

O trabalho de fiscalização visa ao cumprimento do Decreto Municipal 13.897, contando com o apoio da Polícia Militar (PM) e da Guarda Municipal. Até esta sexta-feira, as equipes da Semaur atenderam mais de 150 denúncias, que tiveram entrada pelo 153 da Guarda Municipal, pelo telefone 3690-7507 e pelo 190 da PM. Segundo a pasta, o não cumprimento do decreto acarreta sanções administrativas e penais.

A fiscalização continua realizando apreensão de itens vendidos por ambulantes irregulares. A orientação da PJF é que as pessoas não comprem álcool gel sem procedência, por não haver conhecimento sobre o que tem nas embalagens, o que pode gerar mais riscos à saúde.

Em entrevista coletiva na tarde desta sexta-feira, o prefeito Antônio Almas (PSDB) reiterou que tem observado maior presença das pessoas nas ruas nos últimos dias e reforçou o pedido para que mantenham o isolamento social. “Temos visto pessoas voltando às ruas, por isto, pedimos que por respeito a você, a seus familiares e a cada profissional de saúde que vai se expor para atender aos doentes, fique em casa. Ajude. Sei que não é simples ficar em casa, mas temos que fazer a nossa parte.”

Postado originalmente por: Tribuna de Minas – Juiz de Fora

Pesquisar