A dengue não dá trégua este ano em Minas Gerais e um novo período chuvoso, propício para a reprodução do mosquito Aedes aegypti, começa com a área de saúde ainda lidando com os reflexos da epidemia iniciada em janeiro. Até segunda-feira o balanço da doença bateu em quase meio milhão de casos prováveis. São 484.779 pessoas, entre confirmações e suspeitas, sob a ameaça do vírus que já provocou comprovadamente 153 mortes este ano. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) lança hoje nova campanha para combater focos do mosquito, enquanto continua a contar vítimas do ciclo anterior: ainda há 94 óbitos em investigação no estado, o que pode levar o número a ultrapassar as 208 vidas perdidas em 2016, quando os mineiros enfrentaram a pior epidemia da virose, com 517 mil registros.
Com a chegada de mais uma temporada de chuva e calor, infectologistas alertam que o vírus mais agressivo, o sorotipo Denv2, mais comum ao longo do último ciclo, deve manter sua predominância. “A minha expectativa não é muito boa. Temos ainda o vírus tipo 2 e milhares de pessoas suscetíveis a ele, o mais agressivo, com casos mais graves”, afirma o infectologista Carlos Starling, um dos diretores da Sociedade Mineira de Infectologia.
A análise laboratorial da secretaria constatou que o sorotipo Denv2 da dengue explodiu em 2019 e teve maior prevalência. O vírus mais nocivo foi responsável pela epidemia da doença. Até última segunda-feira, data da divulgação do mais recente boletim epidemiológico pela secretaria, as 484.779 notificações de casos suspeitos e confirmados superam em mais de 16 vezes o número do ano passado, com 29.987 notificações e 12 mortes. Os óbitos neste ano chegam a 153, mais de 12 vezes os de 2018. Outro fator de preocupação é que o número de registros voltou a subir em outubro, depois de quatro meses de queda.
Starling não identifica medidas que façam prever a redução da incidência no próximo ciclo do mosquito da dengue. “As condições de procriação do Aedes continuam as mesmas e não tivemos alteração significativa de combate. À medida que começam as chuvas, os ovos do mosquito eclodem. Isso é um ciclo natural”, diz. Em levantamento feito em outubro pela Saúde estadual, que investigou criadouros do mosquito, o governo identificou que 15 municípios mineiros (2%) estão em situação de risco para um surto da dengue e outros 242 (30%) estão em alerta.
Os focos foram encontrados, principalmente, em depósitos de água, seguidos de domicílios e em locais de acúmulo de lixo. Entre os 39 municípios que compõem a unidade regional de saúde Belo Horizonte, nove estão em alerta em relação ao surto: Esmeraldas, Brumadinho, São José da Lapa, Mário Campos, Igarapé, Matozinhos, Florestal, Juatuba e Bonfim.
Informações uai.com.br
Postado originalmente por: Manhuaçu News