O projeto reúne promotores de Justiça do MPMG, cartunistas de todo o país e a comunidade escolar de Minas Gerais para uma série de atividades educativas e culturais
Usar a linguagem artística e a cultura para aproximar os cidadãos e o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) de temas sensíveis e atuais relacionados ao direito de crianças e jovens a uma educação de qualidade. Esse é o objetivo do projeto Educação, Justiça e Arte, lançado nesta terça-feira (16) na Procuradoria-Geral de Justiça de Minas Gerais.
O projeto reúne promotores de Justiça do MPMG, cartunistas de todo o país e a comunidade escolar de Minas Gerais para uma série de atividades educativas e culturais que acontecerão entre abril e novembro. A iniciativa é do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Defesa da Educação (Caoeduc), do Observatório de Comunicação (Lei.A) e da entidade Cartunistas Mineiros Associados (Cartuminas), com parceria da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. A curadoria é do chargista, cartunista e ilustrador Eduardo Evangelista, o Duke.
A primeira ação do projeto será reunir promotores de Justiça e cartunistas para uma reflexão sobre temáticas relacionadas à Educação, entre elas, Educação Inclusiva, Protagonismo Juvenil, Direitos Humanos e Diversidade, Evasão Escolar, Cultura de Paz nas Escolas, Educação Infantil, Transporte Escolar, Gestão Democrática, Saúde Mental, Tecnologia, Valorização do Ambiente Escolar e dos Profissionais da Educação.
A partir dessa discussão, será produzida uma websérie de 12 episódios, onde, em cada um deles, um tema será apresentado por um cartunista e um promotor de Justiça. Esse produto audiovisual será disponibilizado para que professores, educadores e os próprios estudantes possam utilizá-lo em sala de aula ou em atividades extracurriculares.
Já os cartunistas terão ainda o desafio de produzir charges e cartuns sobre as mesmas temáticas. Essas obras irão compor a exposição “Educação, Justiça e Arte”, que terá a função de levantar a reflexão sobre os temas a partir de uma linguagem artística.
O projeto foi pensado para aproximar a população do trabalho do Ministério Público e ampliar o entendimento sobre direitos coletivos como a educação. No lançamento, a coordenadora do Caoeduc, Ana Carolina Zambom, lembrou de Ziraldo, cartunista e ilustrador falecido no início do mês, como exemplo desta abordagem. “Ele fez do riso uma reflexão. Ele percebeu desde cedo que dialogar com adolescentes e jovens é uma fonte inesgotável de educação”, comentou. A promotora de Justiça salientou, ainda, que a abordagem do projeto dialoga com o currículo base do ensino médio.
O procurador-geral de Justiça, Jarbas Soares Júnior, discursou sobre a relevância do uso de imagens, sejam fotografias ou charges, no diálogo com a comunidade. “Muitas mensagens ficam para o resto da vida, dependendo do momento, da forma, do alcance e da criatividade no artista”, ressaltou.
O cartunista Duke salientou também a importância do trabalho dos desenhistas para levar mensagens sérias em tom lúdico. “Assim como a gente coloca muitas das vezes o açúcar em um remédio amargo para dar a uma criança, a gente coloca humor em assuntos difíceis de serem tratados para que as pessoas de uma forma geral tenham facilidade de conversar sobre ele”, afirmou.
Em parceria com a Secretaria de Estado de Educação, o projeto também promoverá oficinas de charges e cartuns para alunos do ensino médio de escolas da rede estadual de ensino da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).
Haverá ainda um concurso de charges e cartuns voltado para alunos do ensino médio da rede estadual de educação. Uma comissão julgadora definirá as três obras vencedoras, que farão parte da exposição a ser montada ao final do projeto.
Justiça e Arte
O projeto Justiça e Arte surgiu em 2021, por uma iniciativa do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Ordem Econômica e Tributária (Caoet) e do Observatório de Comunicação (Lei.A), já em parceria com a Cartuminas. “O nosso propósito foi de potencializar a sinergia entre a sociedade civil e o Ministério Público, popularizando a atuação técnica dos Centros de Apoio Operacional e Coordenadorias do MPMG. Para isso, ele utiliza as Artes e a Comunicação, tornando os temas tratados na esfera jurídica mais acessíveis às pessoas”, conta o coordenador do Caoet e promotor de Justiça, William Garcia Coelho.
Na primeira edição, do Justiça e Arte, cartunistas mineiros produziram charges e cartuns que tratavam do combate aos crimes de lavagem de dinheiro. A segunda edição, desenvolvida em 2023, foi coordenada pelo Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Público (CAOPP). Nela, os artistas, com suas charges e cartuns, desenvolveram uma campanha educativa que buscava alertar sobre como pequenos atos do cotidiano das pessoas podem alimentar uma “cultura da corrupção”. No mesmo ano, com o apoio do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Meio Ambiente (Caoma), o tema foi o combate a crimes ambientais.