Apesar da redução de 19% no número de registros e de 23,11% na quantidade de vítimas, os números apontam que a cada três dias a imprensa brasileira sofreu algum tipo de ataque
A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT), publicou nesta quinta-feira (4), o relatório anual de 2023 sobre Violações à Liberdade de Expressão. Os dados foram apresentados em Brasília, pelo presidente da ABERT, Flávio Lara Resende.
Em 2023, o Relatório da ABERT registrou, mais uma vez, o assassinato de um profissional de comunicação, após receber ameaças pelas denúncias que publicava em seu blog sobre irregularidades no município onde vivia e na gestão política da região, Thiago Rodrigues foi morto com nove tiros durante uma festa de confraternização em Vicente de Carvalho (SP).
O relatório da ABERT computou ainda 111 casos de violência não letal, envolvendo pelo menos 163 jornalistas e veículos de comunicação. Apesar da redução de 19% no número de registros e de 23,11% na quantidade de vítimas, os números apontam que a cada três dias a imprensa brasileira sofreu algum tipo de ataque.
Execuções desse tipo não são raridade no Brasil. Desde 2012, quando a ABERT começou a apurar os casos de violências sofridas por jornalistas brasileiros, foram contabilizados 26 assassinatos de profissionais da imprensa, a maioria por arma de fogo. Apenas em 2019 e 2021 não houve registros de jornalistas mortos pelo exercício da atividade profissional.
De acordo com o levantamento, as agressões físicas lideraram os registros de violações ao trabalho jornalístico. Pelo menos 45 casos foram contabilizados, 40% do total. O número de profissionais que foram alvo de agressores subiu para 80, um aumento de 8,11% em relação ao ano anterior.
A cobertura política esteve em xeque e, ao relatar os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e
em dias subsequentes, a imprensa enfrentou a fúria de manifestantes que agrediram, ameaçaram e insultaram profissionais dos mais variados veículos de comunicação. Casos de atentados, injúria e furtos cresceram substancialmente em 2023: 50%, 200% e 600%, respectivamente. Ameaças a comunicadores e censuras se mantiveram estáveis em relação a 2022.
Entre as violências não letais com redução de casos estão intimidações (-56%), ofensas (-68%),
ataques e vandalismos (-40%) e crimes de importunação sexual (-25%). Os ataques virtuais estão em um capítulo à parte. Levantamento da BITES – empresa de análise de dados para decisões estratégicas – revela que, apesar da queda no número de agressões virtuais dirigidas aos profissionais e veículos de comunicação em 2023, a imprensa brasileira sofreu 2,9 mil ataques por dia, ou dois ataques por minuto nas redes sociais.
Desde o início da medição dos ataques virtuais pela ABERT, em 2019, a mídia brasileira sofreu 10 milhões de agressões de todos os níveis dentro das redes sociais a partir de posts publicados no Instagram, X (antigo Twitter) e Facebook.
Relatório completo
VIOLAÇÃO AS LIBERDADES DE EXPRESSÃO – RELATÓRIO ANUAL 2023
*Informações: ABERT