Tabu e negacionismo afetam cobertura vacinal contra o HPV no Brasil

Tabu acerca da educação sexual para crianças e adolescentes é um dificultador 

Como resultado do negacionismo científico que vem crescendo nos últimos anos, o Ministério da Saúde alertou para o baixo índice de cobertura vacinal contra o Papilomavírus Humano (HPV) no Brasil. A doença é uma das principais causadoras do câncer de colo de útero, terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres no país.

O boletim divulgado pelo Ministério da Saúde em fevereiro deste ano, analisou números do Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI), no período de 2013 a 2022, e constatou que a meta mínima de vacinação, de 80%, não foi atingida. Para a população feminina os números alcançados foram de  75,91% e 57,44% para a primeira e a segunda dose, respectivamente. Já para a população masculina a situação é ainda mais alarmante: 52,26% para a primeira dose e 36,59% para a segunda.

É estimado que o Brasil tenha de 9 a 10 milhões de infectados pelo HPV e que, a cada ano, 700 mil casos novos da infecção surjam. Além do câncer de colo de útero, a doença também está associada ao câncer de pênis, de vulva, de canal anal e de orofaringe.

O vírus é transmitido por contato direto com a pele ou mucosa infectada, desse modo, a principal forma é pela via sexual, que inclui também o contato manual-genital, ou seja, sem penetração vaginal ou anal. A doença também pode ser transmitida durante o parto.

Vacina e tabu

A vacina que protege contra o Papilomavírus Humano (HPV) foi incorporada de forma escalonada ao Sistema Único de Saúde (SUS) em 2014 para meninas de 11 a 13 anos e atualmente é oferecida em duas doses para qualquer pessoa de 9 a 14 anos de idade, independentemente do sexo.

O principal fator associado à não vacinação do público alvo é o tabu das famílias acerca da educação sexual. No entanto, especialistas pontuam que o fato de proteger crianças e adolescentes de uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) não induz a atividade sexual, mas prepara a população para um futuro com menos incidência da doença e suas complicações, como os cânceres.

Foto: Divulgação.

 

 

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