China quer aumentar aportes e intensificar negócios com Minas

Ainda nesse 1º semestre, presidente da CCIBC quer se reunir com governador Zema; gigante asiático é maior parceiro

O presidente da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China (CCIBC), Charles Tang, pretende atrair mais investimentos chineses para Minas Gerais. Para isso, ele afirmou que, ainda neste semestre, vai solicitar uma reunião com o governador Romeu Zema (Novo) cujo objetivo é viabilizar um roadshow no país asiático em busca de novas oportunidades de negócios.

Representantes de outras unidades federativas já realizaram o mesmo tipo de evento, entre eles, o ex-governador de Santa Catarina Luiz Henrique da Silveira, além do ex-governador André Puccinelli e a ex-secretária de Desenvolvimento Agrário da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo Tereza Cristina, ambos do Mato Grosso do Sul

Conversas também eram mantidas com os governadores reeleitos Helder Barbalho (Pará), Marcos Rocha (Rondônia) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) para levar representantes dos respectivos estados à China. As tratativas não avançaram devido à chegada da pandemia. Na época, a CCIBC ainda tinha um protocolo assinado com os ex-ministros Fernando Coelho (Minas e Energia) e Maurício Quintella (Transportes, Portos e Aviação Civil) para conduzi-los ao país.

“Eu falei para cada um deles [ex-ministros] que se eles voltassem com menos de US$ 10 bilhões de cartas de intenção ‘debaixo do braço’, eu me sentiria fracassado. Isso porque, por exemplo, eu sou autorizado a falar pela empresa chinesa de plantas de energia nuclear e ela está construindo uma na Argentina de US$ 8 bilhões. Além disso, quando eu estive reunido com o chairman da China Railway International, braço internacional da China National Railway [antigo ministério de ferrovias do país], ele mencionou cinco vezes o trem bala do Rio-São Paulo. Só esse projeto é de pelo menos US$ 5 bilhões. Então, para cada um desses ministros voltarem com mais de US$ 10 bilhões de investimentos não era tão difícil. E eu acredito que o governador Zema indo para a China, conforme as necessidades de Minas Gerais, pode voltar com vários bilhões de dólares de protocolos de intenção ‘debaixo do braço’”, ressalta.

Parceria comercial

O possível roadshow idealizado por Tang pode estimular ainda mais uma relação que há vários anos já está consolidada: o maior parceiro comercial de Minas Gerais se trata, justamente, da China. No ano passado, inclusive, o comércio bilateral entre o Estado e o gigante asiático bateu recorde ao somar US$ 19,485 bilhões – o maior resultado da série histórica iniciada em 1997. O levantamento foi feito pela reportagem, com base nos dados do Comex Stat, do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic).

A quantia importada pelos mineiros também superou todas as outras apuradas ao alcançar US$ 5,109 bilhões. Já as exportações, embora tenham retraído na comparação com 2021, sobretudo pelo fechamento das fronteiras da China devido às restrições à Covid-19, teve o segundo maior valor da série ao totalizar US$ 14,375 bilhões.

O principal item chinês importado pelo Estado foram as células fotovoltaicas montadas em módulos ou em painéis, fruto da liderança do país asiático na produção de equipamentos e componentes para fabricação de energia solar. Na sequência, vieram coques com granulometria inferior a 80 mm; e outras partes de máquinas e aparelhos de terraplanagem.

Já as principais mercadorias mineiras exportadas para a China foram as commodities. Por consequência da liderança de Minas Gerais na produção brasileira, o minério de ferro e seus concentrados, exceto as piritas de ferro ustuladas (cinzas de piritas) não aglomerados, ficaram em primeiro lugar. Em seguida, aparecem soja, mesmo triturada, exceto para semeadura; e carnes desossadas de bovino congeladas.

Para o presidente da CCIBC, os valores negociados bilateralmente ainda podem aumentar. Ele aponta como um dos caminhos a abertura de um escritório de representação do Estado dentro da Câmara Brasil-China. Segundo Tang, se for disponibilizado ao menos um funcionário para trabalhar exclusivamente com a divulgação de Minas Gerais“vai fomentar e muito não só a corrente comercial como também os investimentos”.

Boa relação com novo governo deve fomentar negócios

Enquanto Jair Bolsonaro (PL) era presidente da República, houve momentos de tensões políticas entre Brasil e China. O ex-chefe do Executivo federal e pessoas ligadas a ele fizeram declarações negativas relacionadas ao gigante asiático, o que gerou preocupação em um possível afastamento de empresários chineses. Apesar disso, o comércio bilateral entre os países não se abalou como suposto e, em 2022, obteve resultados bem expressivos.

Foi em 2009, durante o segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que a China ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o maior parceiro comercial do País. O presidente da CCIBC ressalta que o Brasil depende dos negócios com a China e acredita que com a volta do petista à Presidência, a relação política e comercial entre os países deve melhorar ainda mais.

“O Lula não briga com ninguém. O Lula faz amizade com todo mundo. No governo passado, várias pessoas esqueceram a regra básica do comércio. Primeiro, você tem que tratar bem o seu cliente, tem teses que dizem até que o cliente sempre tem razão. E, principalmente, você tem que tratar bem o seu maior cliente. Se você ficar atacando o seu parceiro comercial, ele não fica muito confortável em querer investir no seu país. E o Lula, como sempre, teve uma boa parceria com a China, provavelmente vai atrair investimentos”, explica Tang.

Ele reiterou que em uma videoconferência entre o governo e empresários da China realizada há poucas semanas, eles se sentiram “muito mais confortáveis agora” com Lula como presidente. “Muitas autoridades do governo passado atacavam a China, ou seja, atacavam o seu maior cliente do qual o Brasil depende. Logicamente que a China não pode cortar toda a importação de grãos do Brasil, embora tenha cortado a dos Estados Unidos na época da guerra comercial. O Brasil começou a vender toda a sua safra de soja para a China, já que ela não comprava mais dos Estados Unidos. Mas se a China cortar 30% das compras do Brasil, a nossa economia entra em ‘parafuso’”, complementa.

As informações são do Diário do Comércio.

Foto: Divulgação.

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