Itatiaiuçu planeja reduzir dependência da mineração

Prefeitura quer diversificar economia com atração de investimentos de outros setores

Cada vez mais, municípios mineradores buscam na diversificação econômica uma forma de garantir o desenvolvimento sustentável para além da indústria extrativa. Com 90% das receitas oriundas da atividade, a prefeitura de Itatiaiuçu, na região Central, tem voltado os esforços para a atração de investimentos e empresas de outros setores e acaba de criar um Fundo e um Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico.

Ambos integrarão o Programa de Desenvolvimento Econômico da cidade, o Itatiaiuçu Conecta, que será lançado em fevereiro do ano que vem. Estruturado sobre um trabalho-base e políticas públicas iniciados em janeiro deste ano, o objetivo é ofertar um pacote de soluções e incentivos para novos negócios na cidade, além de capacitar mão de obra e gerar emprego e renda para a população.

Quem conta é o secretário de Desenvolvimento Econômico, Afrânio Duarte. Segundo ele, o Fundo terá aporte inicial da ordem de R$ 30 milhões e será gerido pelo Conselho. Juntos, os instrumentos normativos permitirão o fomento à implantação de novos empreendimentos, diminuindo a dependência da atividade minerária.

“A exaustão mineral da região deve ocorrer em aproximadamente 50 anos, graças a investimentos recentes e construção de novas plantas. No entanto, estamos buscando a diversificação porque sabemos que o desenvolvimento não ocorre de um dia para outro. Já estamos trabalhando na estruturação de maneira que o impacto seja menor no futuro”, explica.

Fortalecimento da economia

A ideia, conforme o secretário, é, antes de tudo, fortalecer a economia de Itatiaiuçu. Hoje, além dos 90% das receitas advindas do setor extrativo, 80% dos CNPJs do município são de Microempreendedor Individual (MEI). E um estudo realizado pela prefeitura identificou que, em 2021, 46 compradores diferentes da cidade estabeleceram relações com 6.281 fornecedores. Ao todo, foram movimentados R$ 1,4 bilhão, sendo que, desse montante, as indústrias com atividade principal na extração de minério de ferro foram responsáveis por R$ 873 milhões. Entretanto, ao considerar a sede desses fornecedores, não houve relação de compra com nenhum fornecedor de Itatiaiuçu.

O mesmo levantamento indicou que cerca de 70% das empresas fornecedoras para as mineradoras estão localizadas em Minas. Em seguida, São Paulo foi responsável por 26%. Dez municípios, entre eles, Betim, Contagem e Belo Horizonte, forneceram quase R$ 560 milhões. Ainda de acordo com o levantamento, 1.834 fornecedores – ou seja, 30% – venderam para empresas dentro da área de extração de minério de ferro, e 4.447 para empresas de outras áreas. “Queremos reter parte destes recursos”, diz o secretário.

“Estes números mostram que estamos no caminho certo ao buscarmos a implementação de uma nova política de desenvolvimento econômico, fortalecendo as empresas locais e, por consequência, promovendo a diversificação econômica da cidade, com a atração de novos empreendimentos”, completa.

Atração de empresas em vistas ao desenvolvimento

Esse trabalho de atração já começou, mas promete se intensificar a partir do ano que vem com o Itatiaiuçu Conecta. De acordo com o secretário, enquanto no decorrer de 2022 o ambiente e as políticas públicas foram estruturados, em 2023 os esforços serão concentrados efetivamente na atração, em um trabalho com setores e empresas âncoras e também com o governo do Estado, por meio da Invest Minas.

Neste sentido, ele diz que há interesse em atrair fornecedores do grupo Stellantis (Fiat), com planta industrial em Betim, por exemplo. E também parceiras de outras empresas instaladas no Parque Torino, condomínio logístico de locação de galpões para atacado, também em Betim.

Por fim, sobre a estrutura da cidade para abrigar futuros investimentos, ele informa que há atualmente um Distrito Industrial (DI) voltado para o que é chamado de “microeconomia”, ou seja, empresas de menor porte e da própria cidade. Mas que existe um projeto para desenvolvimento de um condomínio empresarial para receber empresas maiores com atuação macro. “Neste primeiro momento, trabalharemos especialmente a cadeia produtiva das mineradoras. Também nos interessa empresas de base tecnológica”, conclui Duarte.

As informações são do Diário do Comércio.

Foto: Divulgação.

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