“Só a leve esperança, em toda vida, disfarça a pena de viver, mais nada”
A transmissão radiofônica promovida em 1922 na Exposição do Centenário da Independência contou com o discurso do presidente da república e trechos da ópera O Guarany, de Carlos Gomes.
Mas foi com a poesia de Vicente de Carvalho, na voz da professora Noemia Alvares Salles, que a primeira emissora oficial do Brasil inaugurou sua estação transmissora.
A poesia esteve presente como conteúdo em diversas emissoras de rádio no Brasil. Parte integrante dos programas e apresentações culturais dos salões ilustres, recitar poesias era uma atração, assim como os números musicais.
Algumas importantes personagens do rádio brasileiro começaram suas carreiras exatamente recitando poesias, caso de Daysi Lúcidi e Edna Savaget.
Ainda nos anos considerados a Era de Ouro do rádio, programas literários de diversos formatos figuravam em emissoras, tanto públicas, quanto comerciais.
Mas as crescentes transformações das emissoras a partir da década de 1960 começaram a deixar a literatura e a poesia restritas à radiodifusão educativa e cultural sem fins lucrativos.
Na Rádio MEC, por exemplo, foram produzidos programas com os mais diversos formatos dedicados à poesia: programas com entrevistas, com biografias de autores ou antologias de textos. E, principalmente, os chamados interprogramas, que dão leveza e respiro à programação regular.
Em 2020, a Rádio MEC abrigou a produção de uma série com textos de poetas contemporâneos, à frente desta série estava o poeta Pedro Rocha.
A internet e as plataformas de compartilhamento e distribuição de áudio vem mostrando que muitos conteúdos que o rádio deixou de produzir são extremamente próprios ao veículo. Além além de confirmar que há público interessado e um universo de autores e criadores a ser apresentado a esse público.
A poesia, a palavra que sonha, não precisa do rádio para seguir existindo, mas o rádio precisa de mais poesia.