As Polícias Civil e Militar deflagraram na manhã da última segunda-feira (14), a Operação Êxodo 22:25 e prendeu um rapaz de 37 anos, suspeito de matar o comerciante Duilian Ramon de Lima, de 28 anos. O corpo da vítima foi encontrado na terça-feira da semana passada, próximo de uma ponte e um rio na Comunidade Arara Mirim, na zona rural de Três Pontas, no Sul de Minas, amarrado por cordas junto a uma pedra e com dois disparos de arma de fogo.
As polícias cumpriram mandados de busca, apreensão e prisão preventiva e prenderam o acusado na casa onde ele mora na Rua Paes Leme, no Centro. Eles foram também em uma propriedade dele que fica na zona rural.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, Dr. Gustavo Gomes, a polícia traz com 100% de certeza a autoria do crime, tem provas seguras neste sentido, na data que o assassinato do comerciante completa uma semana.
Duilian e o investigado eram do mesmo convívio. O comerciante era cliente do suspeito e a vítima foi atraída justamente pela amizade que eles mantinham. A Polícia descarta as possibilidades que pessoas postaram nas redes sociais, que ele teria sido pego e colocado a força em um carro. Duilian saiu da sua loja de conveniência que estava montando, desceu a rua em direção a Avenida JK para se encontrar com o criminoso e entrou de forma espontânea em uma caminhonete e eles seguiram para a zona rural. Ele não sabia estar sendo levado para não voltar mais e estava traçando a rota da morte.
A Polícia Civil fez a linha do tempo, com a trajetória do veículo até próximo do local da desova do corpo. A suspeita é que até o local de onde eles se encontraram tenha sido planejado, pois não há câmeras em torno para contrapor as imagens, mas existem outras de residências e estabelecimentos comerciais verificadas apurando desde o horário que ele foi visto pela última vez e elas colocam o rapaz preso na morte de Duilian. “Foi difícil encontrar o ponto exato do embarque da vítima, pois até isso foi pensado, pois, não existem câmeras, mas nada disso vai atrapalhar os próximos passos deste trabalho”, disse o investigador Guilherme Rodrigues. No mesmo momento que o crime foi registrado pela Polícia Militar, a equipe de investigadores foi para a rua, fazendo levantamentos, buscando imagens e refazendo os últimos passos da vítima antes dela desaparecer, com isso foi possível cravar ser este o suspeito do crime.
A grande suspeita da motivação do crime, é que tudo seja por conta de um contrato de empréstimo/agiotagem feito pelo comerciante com o investigado. Duilian havia pegado de empréstimo o valor de R$200 mil e dado como garantia imóveis avaliados em R$1 milhão. Para ficar com o patrimônio, o suspeito teria matado o comerciante e se apoderar destes bens, antes do desfecho da negociação. O suspeito é conhecido na cidade por emprestar dinheiro, e a vítima seria um dos seus “clientes”. Ele teria inclusive ido ao Velório Municipal prestar solidariedade à família de Duilian e dito a conhecidos da brutalidade com o comerciante havia sido morto.
A Polícia Civil tem 10 dias para concluir o inquérito com o acusado preso e neste tempo vai aparar algumas arestas, pois existem outros elementos que precisam avançar, mas não há dúvidas do envolvimento dele crime. Um deles é se ele agiu sozinho ou não. A polícia apura em que momento Duilian foi morto e o local da execução na zona rural. A caminhonete e a arma usadas no crime não foram encontradas. A polícia acredita que nestes dias, o suspeito teria desfeito de tudo na tentativa de desvinculá-lo do crime.
O delegado Dr. Gustavo Gomes explica que uma investigação é iniciada com várias linhas. A primeira neste caso foram com os quatro homens conduzidos pela Polícia Militar naquele momento, no dia em que o corpo foi encontrado. Naquele momento, haviam elementos que ligavam eles a vítima, porém, outras tantas se abriram. Com o trabalhando avançando, vai se afastando as possibilidades. Chegar em uma linha específica com elementos concretos, não é fácil e demorado. “Em uma semana fazer uma investigação deste nível, a um crime complexo como este e já conseguirmos apresentar o autor e prendê-lo é bastante complicado. Apresentar a elucidação deste, caso à sociedade é algo que precisa ser comemorado e valorizado” destacou. A Polícia contou com atuação do Poder Judiciário plantonista. É que as investigações se concluíram no sábado e imediatamente os investigadores já fizeram o relatório, ingressaram com a representação por buscas e prisão do rapaz e o juiz plantonista foi que concedeu esta autorização, entendendo a urgência e a necessidade desta prisão.
O suspeito nega o crime a todo momento e quando os policiais chegaram na casa dele, ele ficou surpreso com as acusações a pesar contra ele, mas depois no decorrer das buscas no imóvel, ele estava bastante tranquilo, mesmo sabendo da gravidade do fato e da repercussão do caso. Apesar de não ser elemento de prova que o incrimine ainda mais, isto também chamou a atenção das policiais civil e militar. Em depoimento, ele apresentou seu álibi, que não bate com as informações do inquérito e que a polícia tem todos os elementos capazes de provar que ele está mentindo.
O que é fundamental ser exaltado, comenta o delegado, é que este foi o resultado de um trabalho em conjunto das polícias que fazem a segurança pública da cidade de Três Pontas. Um trabalho intenso, diário e constante e houve o cruzamento de diversas informações que contou com apoio logístico da Polícia Militar, fazendo com que as equipes até virassem noites.
Na casa dele Centro, foram apreendidos muitos materiais, que será fruto de outra investigação, possivelmente pela Receita Federal, sobre contrabando e descaminho. Muito eletroeletrônicos, sem nota e com suspeita de falsificação, o que provavelmente é também objeto de crime. O suspeito é dado a este delito, o que reforça as informações no envolvimento do crime.
Existem diversos registros na polícia contra o suspeito preso, envolvendo a questão de agiotagem. Pessoas denunciaram a forma com que ele cobrava quem o devia, de maneira ostensiva e violenta em relação a estas cobranças.
O comandante da Polícia Militar Capitão Júlio César Gomes Soares enfatiza que a cidade não está acostumada com o crime de homicídio, ainda mais com tamanha violência. A Corporação trabalha para que a comunidade esteja cada vez mais segura e que crime nenhum não ocorra, que criminosos não prosperem. Caso alguém for por este caminho, ele será identificado, preso e levado a justiça para responder pelos seus atos.
O nome da Operação Êxodo 22:25 foi dado justamente porque é o versículo da Bíblia que fala de empréstimo. “Se fizeres empréstimo a alguém do meu povo a alguém necessitado que viva entre vocês, não cobrem juros dele; não emprestem visando o lucro”.
O acusado foi levado para o Presídio de Três Pontas onde fica a disposição da justiça. Se for condenado ele pode responder por homicídio duplamente qualificado pelo motivo e também pela forma da ação. A forma como ocorreram os disparos na cabeça de Duilian, pode agravar a sua situação, pois ele dificultou qualquer tipo de defesa da vítima. Pelo homicídio ele pode pegar uma pena que varia de 12 a 30 anos. Pela ocultação do cadáver de 01 a 03 anos e se for comprovado o contrabando de mercadorias/descaminho de 03 a 08 anos.
Até a publicação da reportagem, a defesa do suspeito disse que ainda não havia tido acesso ao inquérito e por isto agora não vai se manifestar.
As informações são do Portal Onda Sul – Associada Amirt
Foto: Reprodução/Portal Onda Sul