Disco apresenta 11 faixas autorais que prospectam Naroca para novos caminhos artísticos, após 12 anos de atuação como percussionista, regente de blocos e DJ; álbum ganhará versão em vinil e show de lançamento, previsto para dezembro
“Na acupuntura, meridiano é o canal energético que liga os órgãos internos aos pontos externos. A palavra também é usada, na geografia, para definir limites que não são visíveis entre os hemisférios. Ou seja, limites sem limites. O conceito vem dessas metáforas, já que o disco liga meu universo interior ao mundo exterior, por meio de uma música sem fronteiras, livre, que conversa e se transforma”. A reflexão é da mineira Nara Torres, a Naroca, que lança o álbum “Meridiana” nesta sexta-feira, 22 de outubro, nas principais plataformas digitais de streaming.
O trabalho marca a estreia de Naroca como cantora e compositora – após 12 anos de caminhada como percussionista, regente de blocos e DJ –, trazendo 11 faixas autorais que passeiam por variados ambientes sonoros. A diversidade musical do álbum, cuja produção é assinada por Rafael Fantini, descortina as múltiplas referências que vibram em Naroca, conhecida por seu trabalho nas bandas/blocos Chama o Síndico e Sagrada Profana, e também em projetos autorais, como Iconili e Marcelo Veronez. “Acho que a linha-guia de ‘Meridiana’ é a liberdade, um valor importante na minha forma de estar no mundo. Existe uma presença forte da diversidade rítmica, que é algo caro a mim enquanto percussionista”, comenta, destacando ritmos como afrobeat, samba-reggae, bossa nova, trap e boom bap.
A chegada de “Meridiana” coroa uma campanha de lançamento que começou em junho, com o primeiro single, “Tangará, continuou em agosto, com “Quero”, e em setembro, com “Tempos Sombrios”. Os três singles ganharam videoclipes que evidenciam a proposta estética do disco, também marcada pela diversidade de cores e referências. Enquanto “Tangará” mostra o lado neohippie bucólico de Naroca, “Quero” passeia por outros ambientes, como o trip hop, o R&B e o trap. “Tempos Sombrios”, por sua vez, usa o rap como base sonora para “meter o dedo do meio do medo”, fazendo uma ode concretista ao feminismo e reverenciando a fanfarra Sagrada Profana, criada por Naroca.
Artista que se define como uma cria da linhagem tropicalista, Naroca ressalta que o hibridismo entre o orgânico e o eletrônico também foi crucial na construção da identidade sonora de “Meridiana”. “Os eletrônicos podem ser grandes aliados para os percussionistas e bateristas, porque agilizam a questão logística dos instrumentos, gerando resultados superinteressantes”, completa a artista, revelando que o álbum ganhará versão em vinil e show de lançamento, com duas datas, previsto para dezembro.
Processo de criação
Naroca conta que “Meridiana” partiu de uma vontade que repousava em sua alma há anos. “Fui percebendo a vontade de gravar um disco que registrasse minha trajetória musical e meu amadurecimento como mulher e ser humana. Sempre achei a música uma expressão incrível, seja para fins poéticos, artísticos ou revolucionários. Percebi que compor, para mim, seria o auge de um lugar expressão”, afirma. “Como sempre estive envolvida em vários projetos, nunca encontrava tempo para priorizar esta empreitada. A pandemia foi como um espelho que apareceu na minha frente e gritou: ‘vai lá e faz’. E o encontro com o Rafael Fantini proporcionou as ferramentas, os instrumentos e apoio que eu precisava para tirar as músicas do caderninho”, completa.
Ao mergulhar no processo de produção de Fantini, Naroca percebeu que era possível gravar um disco inteiramente em home studio e com baixo custo, valendo-se dos elementos eletrônicos. “Acompanhando o processo do Rafa, vi que outras formas de gravação são possíveis e mais ágeis. Vale ressaltar que o Rafa não apenas produziu, mixou e criou beats, mas também compôs algumas canções junto comigo. O álbum também tem parcerias com Rafael Fares, artista que me estimula a ser cada vez mais poética e a estudar o violão”, ressalta. “Acredito, ainda, que o ambiente caseiro ajudou com que eu me soltasse. Talvez se eu tivesse num estúdio, com pessoas desconhecidas me olhando, teria sido diferente”, afirma a artista, que encarou de forma corajosa o desafio de assumir o front do palco e acolher artisticamente sua voz, com a qual guardou relação de insegurança por anos.
“Fui entendendo minha voz num sentido mais amplo, no sentido de uma expressão, de uma comunicação, e não só de uma ferramenta técnica do cantar. Na pandemia, fiz um mergulho interior e comecei a cantar cada vez mais, estudando com cantoras incríveis, como Nath Rodrigues, Júlia Vargas, Vanessa Moreno, Josy.anne e Claudia Manzo. Tem sido um processo bem rico de descoberta das minhas potências e de aceitação das minhas fragilidades. Praticamente, um processo de cura, porque trabalha muito a autoconfiança e a necessidade de estudar e de me aprimorar tecnicamente. É uma decisão e um transbordamento, estava sentindo uma necessidade de ampliar o meu vocabulário musical e decidi seguir o conselho dos Novos Baianos: ‘por que não viver?”.
Sobre Naroca
Envolvida com a música desde 2008, Naroca é fundadora de diversos projetos musicais, como o Bloco Chama o Síndico, a Fanfarra Feminina Sagrada Profana, e as festas “Geleia Geral Brasileira” e “Baixo Ventre”. Além de idealizar, fundar em parceria com outros artistas, co-produzir e tocar nestes projetos, a musicista já foi integrante de importantes bandas da cidade: os grupos de maracatu Trovão das Minas e Baque de Minas, o grupo de estudos de música africana Djun, a orquestra de improvisação Frito Na Hora, a banda instrumental Iconili, os blocos Como te Lhamas e Alcova Libertina, a Orquesta Atípica de Lhamas e, atualmente, as bandas Chama o Síndico e Sagrada Profana.
Naroca já acompanhou como percussionista alguns artistas como Marcelo Veronez, Brisa Marques, Fernanda Polse, Victor Magalhães e recentemente gravou as percussões do último trabalho de Lô Borges. Gravou em estúdio oito álbuns completos arranjando e tocando seus instrumentos de percussão. Dividiu o palco com artistas como Elza Soares, Marcos Valle, Fernanda Abreu, BNegão, Otto, Djonga e já se apresentou nos principais palcos do Brasil e em países como Estados Unidos, México, Argentina, França e Senegal em seus 12 anos de carreira na música.
O álbum já está disponível nas plataformas digitais.
As informações são de Floriano Comunicação.