Pela 1ª vez com circuito internacional e interação com o FLIR Angola, evento deste ano abrirá espaço para o protagonismo feminino, celebrando a obra da autora mineira, e terá ações virtuais e presenciais de 5 a 10 de outubro
O FLIR – III Festival Livro na Rua está entre nós! Os amantes dos livros, dos encontros, das bibliotecas e das livrarias vão poder matar a saudade do evento que, em sua terceira edição, retorna às ruas de Belo Horizonte, de 5 a 10 de outubro, com um circuito internacional e com força para abrir espaço para o protagonismo feminino na nossa literatura, homenageando a escritora Carolina Maria de Jesus. Com o tema de abertura “Pois é, Carolina”, o FLIR 2021 celebrará esta grande autora mineira, que nasceu em 1914, em Sacramento, no interior do Estado, faleceu em 1977 e que das ruas conquistou espaço nas estantes de todas livrarias do país.
Neste ano, o festival será internacional porque terá uma programação conjunta com o FLIR Angola, destacando a produção em língua portuguesa vinda da África. A programação será híbrida, com ações virtuais e presenciais, tudo para garantir uma programação de qualidade, respeitar as normas de combate à Covid-19 e valorizar o espaço das nossas livrarias.
Os curadores do festival Adriane Garcia (Belo Horizonte) e Kaio Carmona (Angola) prepararam palestras, mesas de debate, atividades presenciais e virtuais que vão atravessar temas como mulheres na literatura, diálogo entre culturas, ancestralidade e memória, o conhecimento e a consciência africana, a justiça social como contribuição para a paz, entre outros.
Para abrir os seis dias de debate, no dia 5/10 (terça-feira), a palestra “Pois é, Carolina”, com a participação do jornalista, escritor, biógrafo e crítico literário Tom Farias, autor de “Carolina: Uma Biografia” (2019), terá mediação de Cláudio Henrique. A partir daí, durante todos os dias, serão apresentadas as mesas de debate, com participantes de BH e direto de Luanda, em Angola. Além dessa programação de encontros virtuais, escritores vão apresentar a sua obra em vídeos de até um minuto, convidando para o FLIR/Bienal, sendo que todas as atividades virtuais serão exibidas nas plataformas da Bienal e nas redes sociais do Centro Cultural Brasil-Angola (CCBA) – a programação do FLIR 2021 está na sequência, nas próximas páginas.
No dia 08/10 (sexta-feira), Vera Eunice, filha da homenageada, estará em Belo Horizonte, conhecendo o Circuito Internacional. No fim do dia, às 19h, ela participará do papo intermediado por Adriane Garcia no prédio onde funciona a Livraria Bantu, especializada em literatura afro-brasileira: “A Carolina foi a minha primeira aluna – Aprender e ensinar a partir de Carolina Maria de Jesus”.
Lembrando também que um dos objetivos do FLIR 2021 é dar chance às pequenas editoras, que lutam por espaço nas vitrines das livrarias. Assim, durante os seis dias de evento, editoras e livrarias se unirão em programações paralelas, enaltecendo o festival. Farão parte do Circuito Internacional as seguintes livrarias em Minas Gerais: Livraria Boutique do Livro (Divinópolis), Livraria Páginas, Livraria da Rua, Livraria Outlet de Livro, Livraria Esquerda Literária, Livraria Ouvidor, Quixote Livraria, Livraria Bantu, Livraria do Belas, Livraria Leitura e a Papelaria Mercado Novo (Belo Horizonte).
O FLIR – III Festival Livro na Rua é apresentado pela Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, Câmara Mineira do Livro QUIXOTE+DO, realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à cultura de Belo Horizonte e tem o patrocínio do Instituto Cultural Unimed, além das parcerias com a Embaixada do Brasil e Centro Cultural do Brasil em Angola, Embaixada da França no Brasil e o Institut Franças du Bresil e AML – Academia Mineira de Letras.
A HOMENAGEADA MARIA CAROLINA DE JESUS
Carolina Maria de Jesus nasceu em Sacramento (Minas Gerais), em 1914. Na década de 30 mudou-se para São Paulo, onde foi lavradora, faxineira e empregada doméstica. Foi lá que conseguiu emprego com o cardiologista Euryclides de Jesus Zerbini e acesso aos livros da biblioteca da casa do médico, nos dias de folga. A partir do final dos anos 40, vivendo na comunidade do Canindé, com três filhos e poucos meios de subsistência, Carolina sobreviveu como catadora de papel e ali também – no lixo que recolhia – encontrava revistas e livros que sempre soube aproveitar.
Carolina tomava notas do cotidiano e refletia sobre a vida ao seu redor. Suas anotações, que mesclavam crítica e poesia, serviram de material para sua literatura, cuja primeira publicação se deu com o auxílio do jornalista Audálio Dantas. Em 1960, publicou pela Editora Francisco Alves, “O Quarto de Despejo”. A primeira tiragem da obra se esgotou em semanas e foi traduzida para 14 idiomas diferentes. Carolina Maria de Jesus foi uma das primeiras escritoras negras publicadas no Brasil.
Em vida, publicou “Casa de Alvenaria: diário de uma ex-favelada” (1961), “Pedaços de Fome” (1963) e “Provérbios” (1963). Depois do seu falecimento, em 1977, em Parelheiros, distrito de São Paulo, foram publicados: “Diário de Bitita” (1977), “Um Brasil para Brasileiros” (1982), “Meu Estranho Diário” (1996), “Antologia Pessoal” (1996), “Onde Estaes Felicidade?” (2014) e “Meu sonho é escrever – Contos inéditos e outros escritos” (2018).
CURADORES
A poeta Adriane Garcia é nascida e residente em Belo Horizonte. Publicou “Fábulas para Adulto Perder o Sono” (Prêmio Paraná de Literatura 2013), “O Nome do Mundo” (2014), “Só, com Peixes” (2015), “Embrulhado para Viagem” (2016), “Garrafas ao Mar” (2018), “Arraial do Curral del Rei – A Desmemória dos Bois” (2019), “Eva-proto-poeta” (2020) e “Estive no Fim do Mundo e me Lembrei de Você”. Participa de várias antologias. Tem poemas traduzidos para o inglês e o espanhol em diversas revistas no exterior. Em 2017, foi co-curadora do FLIR BH, juntamente com o escritor Francisco de Morais Mendes.
Kaio Carmona é escritor, poeta e professor na Universidade Agostinho Neto e no Centro Cultural do Brasil em Angola (CCBA). Pós-Doutor em Poéticas da Modernidade. Doutor em Estudos Literários pela UFMG, publicou os livros “Um Lírico dos Tempos (2006), “Compêndios de Amor (2013), “Para Quando” (2017), “26 Poetas na Belo Horizonte de Ontem” (2020) e “A Casa Comum” (2020). Possui artigos publicados e organizou, junto com Vera Casa Nova e Marcelo Dolabela, a coletânea “Entrelinhas Entremontes: versos contemporâneos mineiros” (2020).
Para mais informações, acesse o site festivallivronarua.com.br.
As informações são do SuperDicas.