O Cruzeiro x Atlético desse domingo foi histórico. Infelizmente, por ser o primeiro sem torcida. E, para muitos, nunca tinha sido disputado com uma disparidade tão grande entre os rivais. Mas a larga vantagem alvinegra, nesse final de semana, ficou só na tabela e no investimento em jogadores. Em campo, o Cruzeiro teve sua atuação mais consistente em muito tempo e chancelou a evolução do trabalho de Felipe Conceição com uma vitória justa no Mineirão, com qualidade e muita entrega.
A postura do Cruzeiro diante de um adversário de Série A e com grande investimento no setor ofensivo gerava dúvida. Seguiria com a proposta ofensiva prometida por Conceição no início do ano, ou esperaria o rival para explorar os contra-ataques? Desde o primeiro minuto, deu o recado: dificultaria a saída de bola adversária, valorizaria a posse quando a tivesse e, em termos de entrega, deixaria tudo que um clássico exige. Não teve a bola tanto quanto gosta de ter, mas finalizou mais que o Atlético: 9 contra 8.
E isso foi visto até o final. O meio-campo do Cruzeiro, criticado por espaços dados em vários jogos anteriores, diante de adversários mais fracos, comandou a partida no Mineirão. Adriano foi quase perfeito no combate e na ocupação de espaços. Matheus Barbosa e Marcinho não conseguiram municiar o ataque, mas não deixaram de entregar um pingo de suor na marcação. O trio teve participação fundamental para tornar Tchê Tchê e Nacho peças nulas.
Pelos lados, um Bruno José pouco inspirado com a bola, principalmente no primeiro tempo. Airton era muito mais acionado e conseguiu incomodar Guga, além de ter feito o gol da vitória. Mas, sem a bola, assim como Rafael Sobis, ajudaram muito os setores que tinham a dura missão de marcar Keno, Savarino, os meias e Eduardo Vargas.
Raúl Cáceres e Matheus Pereira foram peças fundamentais para a segurança defensiva do Cruzeiro. Praticamente anularam Keno e Savarino – e depois Marrony e Hulk –, mesmo com a proposição do um a um em vários momentos. Na área, soberania de Ramon, Weverton e Eduardo Brock. Por cima e por baixo. Nos dois vacilos, Fábio apareceu no alto nível que lhe é de costume.
O fato de todos os jogadores terem merecido elogio é uma vitória para Felipe Conceição. O recado é de evolução coletiva, que potencializa individualidade. A resposta em campo foi fundamental para a sequência de trabalho no Cruzeiro. Mesmo que tivesse levado o empate – ou até mesmo a virada –, o que foi apresentado chancelaria, de igual forma, que o time está em evolução.
O processo continua, mas agora o torcedor tem certeza que ele existe. E não foi mostrado diante de Boa Esporte e Coimbra – que brigam contra o rebaixamento no Mineiro -, foi apresentado diante de um rival histórico e que desponta na temporada como candidato a todos os títulos que disputar.
A vitória foi um prêmio justo pelo que foi apresentado em campo e, no psicológico, representa muito para um processo que precisa, a qualquer custo, terminar com o retorno à Série A, daqui oito meses. Em termos de tabela, o resultado também dá um respiro de que, muito provavelmente, o Cruzeiro disputará as semifinais do Estadual.
O que não dá é para tirar os pés do chão. O Atlético segue favorito ao título do Campeonato Mineiro, que não é obrigação do Cruzeiro. O foco deve ser, durante toda a temporada, a disputa da Série B. A atuação diante do rival não credencia ninguém do clube a achar que tudo está certo. Ano passado, recheado de garotos, o Cruzeiro também igualou no clássico, mas foi só aquilo. Mais nada foi feito. O elenco atual é melhor, o treinador tem futuro mais promissor, mas seguir o caminho de crescimento é primordial. Se o nível de disputa na Série B for o mesmo do clássico, já é um ótimo passo rumo à elite.
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Postado originalmente por: Minas AM/FM